O globo, n. 31341, 29/05/2019. País, p. 11

 

Amazonas transfere 29 para presídios federais

29/05/2019

 

 

Medida foi acertada com Moro após massacre que resultou na morte de 55 presos; porta-voz da Presidência diz que Bolsonaro está ‘consternado’, mas presidente ainda não se manifestou publicamente sobre o assunto

Após a morte de 55 detentos em presídios de Manaus ,29 presos ligados a facção criminosa loca lirão para unidades federais .“São cabeças de facção ou mandantes”, disse o governador do Amazonas, Wilson Lima. A Justiça determinou que contratos de gestão dos presídios com empresas privadas não sejam renovados. Ogovernador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou ontem que 29 presos ligados a uma facção criminosa local serão transferidos para unidades federais de segurança máxima, após o massacre que deixou 55 mortos em presídios do estado. Os detentos são “cabeças” da facção ou “mandantes”, disse o governador.

De acordo com o Lima, nove presos foram transferidos ontem e outros 20 vão deixar o estado hoje. As transferências foram acertadas com o ministro da Justiça, Sergio Moro. Em entrevista coletiva, o governador também afirmou que os órgãos de inteligência identificaram, antes do massacre, “que havia um racha entre os integrantes de uma mesma facção criminosa” .

—Se está surgindo um novo grupo, ainda estamos verificando —disse.

Lima destacou que, após o primeiro motim, que resultou na morte de 15 pessoas na noite de domingo, foi determinada a revista em todas as unidades prisionais do estado. Segundo Lima, a medida precipitou o ataque de segunda-feira, que iria acontecer na madrugada.

Presidente 'consternado'

O governador descartou que o estado viva uma crise de segurança e disse que não há toque de recolher em bairros de Manaus. Apesar disso, foram tomadas medidas preventivas, como fechamentos de quartéis para que os policiais fiquem livres das tarefas administrativas e possam reforçar o patrulhamento. Lima negou a possibilidade de indenizar os famílias dos mortos.

Ontem o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse que o presidente Jair Bolsonaro está “consternado” com as mortes em Manaus e que vem orientando Moro a apoiar o Amazonas. Bolsonaro ainda não se manifestou publicamente sobre o assunto.

Em Portugal, onde participa de um Congresso, Moro disse ontem que cinco meses de governo é “muito pouco tempo” para evitar massacres como o que aconteceu.

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TJ proibiu terceirizar gestão de prisões

Dimitrius Dantas

Aline Ribeiro

29/05/2019

 

 

Três dias antes do massacre em presídios do Amazonas, o Tribunal de Justiça do estado determinou que o governo não renovasse os contratos de prestação de serviços e administração com empresas privadas para as quais terceirizou a gestão.

Para o juiz, esse tipo de contrato é responsável pela situação de calamidade nas prisões do estado. Há dois anos, outros 56 detentos morreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), o mesmo em que 19 presos foram assassinados no domingo e segunda-feira.

Foi em razão disso que o Ministério Público (MP) apresentou essa e outras ações civis contra a Umanizzare, empresa responsável pela maioria das unidades prisionais do estado, incluindo o Compaj.

Os contratos, firmados entre 2013 e 2014, vem sendo renovados sem licitação. Em três unidades administradas pela Umanizzare, o gasto mensal por preso é de R$ 3,2 mil, acima da média nacional que, em 2017, era de R$ 2,4 mil.

Segundo o diretor jurídico e porta-voz da Umanizzare, André Caires, a empresa vem cumprindo todas as suas obrigações contratuais. O governador do Amazonas, Wilson Lima, disse que o compromisso com a Umanizzare vence no próximo sábado.

— Desde o começo do ano estamos formatando uma licitação —disse Lima.