O globo, n. 31341, 29/05/2019. Economia, p. 30

 

Latam tira voos do Santos Dumont durante obra

Geralda Doca

Leo Branco

29/05/2019

 

 

Com o fechamento da pista principal do aeroporto do Centro do Rio em agosto para recuperação, companhia decidiu transferir todos as suas rotas para o Galeão durante a obra. Demais empresas pretendem operar na via secundária

Com o fechamento da pista principal do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, para obras de recuperação do pavimento na segunda quinzena de agosto, a Latam já comunicou ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), ligado à Aeronáutica, que vai transferir todos os seus voos para o Galeão, na Zona Norte, por causa das características de seus aviões. As outras companhias continuarão a operar no terminal, usando a pista secundária, cuja segurança é atestada pelas autoridades do setor.

Ainda assim, a operação na pista auxiliar do Santos Dumont só será permitida para voos visuais. Em caso de mau tempo com perda de visibilidade da pista, o piloto terá que pousar no Galeão.

Obra vai durar um mês

De acordo com a Infraero, a obra vai durar 30 dias. O número de pousos e decolagens por hora no Santos Dumont vai cair de 29 para 24 durante a intervenção. A Aeronáutica já aprovou a obra, que precisa ser feita até janeiro de 2020 por motivos de segurança. A última recuperação da pista foi realizada em 2009.

“Cabe ressaltar que a administração do aeroporto (Santos Dumont) cumpre com todos os requisitos regulatórios demandados à sua operação, o que o ratifica como uma opção segura e conveniente aos passageiros que embarcam e desembarcam no Rio de Janeiro”, informou a Infraero em nota.

A obra foi anunciada depois que a concessionária RIO Galeão encaminhou documentação à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) alegando que as condições do Santos Dumont não estão enquadradas nos parâmetros internacionais de segurança. Os dados foram refutados pela Anac e pela Infraero.

Diante das mudanças no Santos Dumont em agosto, as companhias terão que informar os passageiros sobre alterações nos voos com antecedência e prestar assistência no caso de transferências para o Galeão em cima da hora.

A Latam informou que acompanha as discussões com as autoridades e que informará as mudanças nas suas operações oportunamente. Já a Azul afirmou que pretende manter seus voos no Santos Dumont durante a obra na pista principal, mas aguarda a confirmação final da Infraero sobre o início das obras e como será o funcionamento do aeroporto no período. A Gol também afirmou que aguarda informações da Infraero.

Juiz recusa oferta da Azul

O juiz responsável pelo processo de recuperação judicial da Avianca Brasil na Justiça de São Paulo, Tiago Limongi, indicou ontem que a proposta da Azul para comprar ativos da companhia aérea por US$ 145 milhões esbarra em “barreiras intransponíveis” por ser uma saída para a crise incompatível com a aprovada pela assembleia de credores em abril.

Na prática, a manifestação do magistrado inviabiliza a terceira tentativa da Azul de ficar coma Avianca, mas está longe de ser o fim da batalha judicial em torno da companhia.

Na assembleia de credores, foi acordado o fatiamento da aérea em sete unidades que iriam a leilão em 7 de maio. As concorrentes Gole Latam chegaram a anunciar investimento de US$ 70 milhões, cada, na aquisição de duas unidades, mas o certame foi suspenso por uma liminar da 2ª Câmara Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Uma decisão final deve ser tomada pela Corte em 10 de junho.

Em nota, a Azul disse “lamentar profundamente” a decisão de Limongi e afirmou que sua proposta era “a única” capaz de preservar empregos e os interesses de consumidores e credores. A Azul tem se posicionado contra o leilão sob o argumento de que provocaria aumento da concentração do setor aéreo.

“Quem mais perde é o consumidor e os mais de cinco mil colaboradores da Avianca Brasil, que podem perder seus empregos e direitos trabalhistas”, diz o comunicado da Azul, que também critica o fundo de investimentos americano Elliott, credor da Avianca e fiador da proposta do leilão.

A Latam disse não concordar com a afirmação de que o leilão concentrará o mercado porque todas as companhias podem participar dele, inclusive a Azul. Gol e Elliott não responderam ao GLOBO. A Avianca não quis comentar.