Valor econômico, v.19 , n.4581 , 01/09/2018. Especial, p.F5

 

Motor mais leve reduz consumo de combustível em 21%

 

 

Domingos Zaparolli

01/09/2018

 

 

 

A Renault abastece com alumínio importado dos Estados Unidos sua fábrica de blocos e cabeçotes de motor inaugurada em março, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), enquanto escolhe um produtor brasileiro. "Estamos em processo de desenvolvimento de um painel de fornecedores locais", diz Carlos Martin, diretor de fabricação de motores da montadora. Ainda não há previsão de quando será realizada a troca do material importado pelo produto nacional.

A nova fábrica paranaense foi batizada de Curitiba Injeção de Alumínio (CIA). Em 2018 irá produzir 100 mil blocos de motor e 100 mil cabeçotes do 1.6 SCe (Smart Control Efficiency), os motores que equipam veículos da marca como o Sandero, Logan, Duster, Kwid e Captur. Para essa produção, a montadora irá demandar quatro mil toneladas de alumínio fundido.

A projeção da Renault é que essa demanda por alumínio aumente progressivamente, mais que dobrando até 2021, quando a fábrica deve atingir a ocupação total de sua capacidade instalada, programada para 250 mil blocos e 250 mil cabeçotes de motor por ano.

Antes de a nova fábrica entrar em operação, os blocos e cabeçotes eram importados do Japão. A CIA é resultado de um investimento de R$ 350 milhões. É classificada pelas montadoras que formam a aliança Renault- Nissan - Mitsubishi como a fábrica mais moderna de injeção de alumínio do grupo no mundo e é a única linha de injeção de cabeçote entre todas as subsidiárias da Renault.

"Buscamos o que há de melhor em tecnologia de injeção de alumínio no mundo, com equipamentos -165 no total - de vários países, como Alemanha, Japão, Espanha e Coreia", diz Martin. Entre as inovações da CIA na produção dos blocos de motor está um processo de lubrificação que proporciona uma grande redução do uso de óleo. São utilizados 22 mililitros por peça, em comparação a até 12 litros utilizados em métodos de produção tradicionais.

A injeção do alumínio no bloco é feita de forma totalmente robotizada, a uma velocidade de 200 km/h, com pressão de 900 bar, próxima à encontrada nos pontos mais profundos dos oceanos. A injetora tem produtividade 15% maior que a de máquinas de geração anterior. O processo de produção do cabeçote é inorgânico, ou seja, isento de fumos e emissões de carbono. A CIA utiliza uma injetora cerca de 30% mais compacta e com produtividade 20% maior do que os equipamentos tradicionais.

A Renault brasileira adota os motores da linha SCe desde o final de 2016. Segundo a montadora, na versão 1.6, os motores são 30 kg mais leves do que a versão anterior e proporcionam uma economia de 21% no consumo de combustível. "O alumínio tem peso menor que o ferro fundido e isso implica uma redução no consumo de combustível e também nas emissões de gases", diz Martin