Título: Prioridade à tecnologia em aeroportos
Autor: Cristino, Vãnia
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2012, Política, p. 13

A euforia com os históricos leilões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP) em 6 de fevereiro na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa), que renderam ágio de 347%, foi logo substituída pela incerteza. Dependendo apenas do sinal verde da presidente Dilma Rousseff para ocorrer, a segunda etapa de concessões no setor já sofreu importante mudança: as novas licitações, sem data marcada, não terão mais como alvo os valores de outorgas, a serem usados para investimentos em terminais sem interesse do capital privado. Em vez disso, a preocupação será a forma de administrar o negócio.

"O governo está empenhado em trazer as tecnologias mais modernas e os métodos de gestão mais eficientes do mundo, sem precisar, necessariamente, tornar os fornecedores estrangeiros sócios importantes nos aeroportos", revelou ao Correio uma autoridade que participa das discussões. Nas últimas semanas, diante de várias especulações sobre os pacotes de investimentos em infraestrutura de transportes e de fortes pressões de empresários e políticos em busca de definições, Dilma impôs lei de silêncio a todos os ministros e chefes de autarquias envolvidos no tema.

Sem urgência Sempre apontados como os próximos a serem leiloados, os aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG) não mais preocupam o Planalto no quesito obras estruturais do apertado calendário da Copa de 2014. As concessões não são consideradas pelo governo tão urgentes quanto os casos já resolvidos.

Ainda assim, a presidente tem nas mãos todos os estudos com prós e contras das novas investidas e pode, eventualmente, sacar alguma solução considerada conveniente ao momento. "A vantagem de entregar o Galeão à iniciativa privada seria contornar o excesso de pessoal e os graves problemas de segurança pública nas suas áreas de entorno. A situação de Confins é bem diferente, por ter ficado subutilizado durante muito tempo", comentou outro interlocutor do governo.

No recente tour ministerial à Europa, com sondagens a parceiros em infraestrutura, veio na bagagem a informação de que o apetite dos investidores é altamente condicionado ao grau de ingerência estatal. Eles descartam entrar com posição minoritária. Em relação ao resultado dos leilões realizados no começo do ano, membros do governo, como Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Projetos e Logística (EPL), deixam evidente a frustração com a ausência de marcas de destaque do setor, como a alemã Fraport.

"Apesar disso, nada impede aos atuais concessionários contratar serviços de grandes operadores para modernizar equipamentos e serviços", alertou um analista. O consórcio liderado pela Engevix e que tem como operadora a argentina Corporación América, por exemplo, contratou a Aecom, gigante norte-americana na área de consultoria de projetos de engenharia. Os consórcios privados de Guarulhos e Campinas já se anteciparam no anúncio das obras. O concessionário do aeroporto de Brasília não fez isso, e vem preocupando o Planalto.