Valor econômico, v.19 , n.4604 , 04/09/2018. Brasil, p.A2

 

MEC quer injetar R$ 600 milhões no ensino médio

 

 

 

Hugo Passarelli

​05/10/2018

 

 

 

O Ministério da Educação (MEC) pretende injetar R$ 600 milhões diretamente em escolas estaduais de ensino médio. Do total, R$ 200 milhões irão para o Programa de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), que pretende levar a 312 escolas, ou 100 mil alunos, uma jornada diária de 7 horas e carga horária mínima de português e matemática.

O investimento equivale a R$ 2 mil por aluno e prevê que, até 2020, essas instituições tenham em sua estrutura, no mínimo, salas de aula, laboratórios e pátio.

Desde 2016, o MEC tem criado programas para expandir o ensino médio integral. Outra iniciativa nesse sentido já contempla 900 escolas, que não serão beneficiadas agora. A ideia é incluir novas unidades no ensino integral, com preferência para as de alta vulnerabilidade socioeconômica, além de medir o impacto da grade horária estendida.

Para isso, foi criada a Assessoria Estratégica de Evidências, composta por especialistas de diversas origens, incluindo de instituições e privadas. Dados de avaliações e outros critérios irão medir a efetividade das políticas.

"Vamos qualificar a política pública. Se for provado que o modelo melhora a aprendizagem, podemos direcionar mais investimentos às escolas integrais", diz Wisley Pereira, coordenador do ensino médio no MEC.

As escolas serão selecionadas até 26 de outubro e, em novembro, terão de apresentar um plano de utilização para os recursos.

Os R$ 400 milhões restantes irão ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que vai apoiar a implementação do novo ensino médio, integral ou não. Poderão aderir escolas de 20 Estados, que já se credenciaram seguindo os critérios da portaria 649, de julho, que previa a escolha de escolas-piloto. Neste caso, o MEC estima que o programa chegará a até 5 mil escolas ou 1,6 milhão de alunos. Hoje, há 18 mil escolas com ensino médio no país. Pereira explica que haverá uma ponderação para distribuir os recursos. Mas, a grosso modo, serão R$ 250 por aluno.

O foco do PDDE é revisar o currículo, incluindo a criação de roteiros flexíveis, uma das bases da reforma do ensino médio. O dinheiro chegará em três parcelas, com uma fatia de 20% já neste ano.