Título: Segundo turno histórico no Acre
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2012, Política, p. 6

Lei só prevê segunda rodada de votações em municípios com mais de 200 mil eleitores. Pela primeira vez, isso poderá ocorrer em Rio Branco. Na capital acriana, onde a população cobra vagas em creches, é grande a polarização entre tucanos e petistas

Pela primeira vez, desde a instituição do voto direto, a capital do Acre, Rio Branco, poderá decidir o pleito somente no segundo turno. O município ultrapassou o total de 200 mil eleitores — número mínimo previsto pela lei eleitoral para haver uma nova votação, caso o primeiro colocado não tenha mais da metade dos votos válidos. Na capital acriana, a eleição está polarizada entre o candidato do PT, Marcus Alexandre, e o do PSDB, Tião Bocalom.

A cidade de Rio Branco só atingiu a marca de 200 mil habitantes aptos a votar em 2008. Na última disputa, legalmente já seria possível a realização do segundo turno. Mas, há quatro anos, o primeiro colocado, o atual prefeito, Raimundo Angelim (PT), conseguiu 50,82% dos votos, dispensando a necessidade de levar o pleito para uma segunda rodada. Agora, entretanto, a disputa está bastante apertada e tudo indica que o resultado não será definido em 7 de outubro.

O tucano Tião Bocalom, que concorre à Prefeitura de Rio Branco novamente, chegou a aparecer com 50% das intenções de votos, mas, na última pesquisa divulgada pelo Instituto Ibope, está com 37%. Esse resultado o coloca empatado tecnicamente com o líder das pesquisas, o petista Marcus Alexandre, que segundo o levantamento teria hoje 38% dos votos. Ambos têm uma boa vantagem em relação ao terceiro lugar, Fernando Melo (PMDB), que obteve apenas 5% das intenções.

A diferença no resultado esperado fez com que a coligação da qual faz parte o candidato tucano, Produzir para Empregar, impedisse a divulgação da pesquisa. A coligação alegou que o método usado, solicitando o nome, telefone e endereço dos entrevistados, violava o direito ao voto secreto. Tião Bocalom conseguiu decisão favorável na Justiça e a divulgação foi suspensa pela juíza da 1ª Zona Eleitoral, Maha Kouzi Manasfi. Mas, no último dia 24, um parecer do Ministério Público Eleitoral do Acre liberou a divulgação.

Desafios Segundo o historiador acriano Marcos Vinícius Neves, o pleito na capital acriana fica tradicionalmente polarizado entre tucanos e petistas. Nas últimas eleições municipais, em 2008, apesar de ter começado a campanha ameaçando o atual prefeito, Raimundo Angelim (PT), Tião Bocalom acabou ficando em terceiro lugar, atrás também do candidato do PNM, Sérgio de Oliveira Cunha.

Marcos Neves conta que um dos principais desafios que o próximo candidato terá de resolver será a demanda crescente por creches na cidade. "Todos os candidatos têm usado o problema das creches em suas plataformas. Sabem que, além de a proposta ser popular, existe uma necessidade por parte das mães", detalha. Apesar da crise, Rio Branco foi um dos 50 municípios que mais criou empregos formais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio. Em julho, último mês com dados disponíveis, foram 1,1 mil postos de emprego criados. Com mais pessoas empregadas, mais pais precisam de lugares para deixar os filhos enquanto trabalham. A saúde pública também é um problema a ser enfrentado. Longas filas são comuns nos hospitais e postos de atendimento da cidade.

"Todos os candidatos têm usado o problema das creches em suas plataformas. Sabem que, além de a proposta ser popular, existe uma necessidade por parte das mães" Marcos Vinícius Neves, historiador acriano