Valor econômico, v.19, n.4620, 30/10/2018. Empresas, p. B2

 

Privatizações no governo Bolsonaro podem gerar até R$ 170 bi, diz S&P 

Paula Selmi 

30/10/2018

 

 

As empresas com chances de privatização no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) podem gerar cerca de R$ 120 a R$ 170 bilhões para a União reduzir a dívida soberana, estima a agência de classificação de risco S&P Global Rating."

A questão continua sendo como o governo vai atrair investidores privados para comprar esses ativos e impulsionar os planos de infraestrutura, considerando um oleoduto mal planejado e projetos não finalizados."

Bolsonaro disse recentemente que não pretende privatizar os ativos de geração de energia da Petrobras ou Eletrobras devido à importância estratégica para segurança energética.

Segundo ele, porém, há várias empresas estatais, como Companhia Nacional de Abastecimento, Valec Engenharia e Empresa de Planejamento e Logística, que podem ser privatizadas.

Sobre a Petrobras, em especial, a agência acredita que o novo governo acelerará o processo de desalavancagem por meio da venda de ativos não essenciais. A privatização total da petrolífera, no entanto, está descartada.

"A potencial venda de vários ativos de refinaria pode contribuir para um mercado de refino mais competitivo no Brasil e com menos distorções, mas o apetite por esses ativos dependerá de um menor grau de interferência do governo na dinâmica dos preços de combustível", afirmou a S&P.

De fato, a maior incerteza sobre a Petrobras e o setor de petróleo e gás no Brasil é a continuidade e sustentabilidade de uma política de autorregulação das empresas para os preços de combustíveis.

"Na nossa opinião, quanto mais perto os preços de combustível ficarem das cotações internacionais, melhor para o rating da Petrobras e para o setor em geral", avaliou a agência.

Por último, a S&P afirma que os planos de Bolsonaro em tributar dividendos e reduzir impostos podem motivar um aumento nos investimentos nas empresas brasileiras, embora tais medidas possam encontrar resistência política.

Segundo a agência, a trajetória internacional de alta nas taxas de juros e a demanda de investidores por ativos mais arriscados em mercados emergentes - especialmente no Brasil - contrasta com a queda no juros nacional.

"Isso deixa um espaço para os empréstimos corporativos começarem a crescer. Acreditamos que os empréstimos domésticos aumentem sua participação no total de recursos de financiamentos no médio prazo."