Título: Corrida à poupança
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 07/09/2012, Economia, p. 9

Investidores de alta renda estão transferindo seus recursos para as cadernetas de poupança, mesmo com o rendimento menor provocado pela mudança de regras desse instrumento tradicional de aplicação. Segundo analistas, grandes clientes dos bancos estão sendo saindo dos fundos de renda fixa, que estão se tornando menos atrativos por causa da queda das taxas de juros e das elevadas taxas de administração cobradas pelas instituições. Nessas condições, torna-se vantajosa a opção pela poupança, que tem como atrativo adicional a isenção de Imposto de Renda.

Segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os fundos só são vantajosos se o encargo administrativo for igual ou inferior a 0,5%. Acima disso e até 1%, os fundos só empatam com as cadernetas se o prazo de investimento for superior a seis meses.

Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) confirmam esse movimento. A captação da poupança continuou forte em agosto, quando os depósitos superaram os saques em R$ 3,49 bilhões. Foi o segundo melhor resultado para o mês desde 2002. Na comparação com agosto do ano passado, o aumento foi de 57,2%.

Os ingressos foram menores do que em julho, que teve depósitos líquidos superiores a R$ 8 bilhões, mas, no ano, as cadernetas já acumulam um saldo positivo de R$ 23,73 bilhões. É a maior entrada líquida de recursos para os primeiros oito meses do ano de toda a série histórica, que começou em 1995.

Nova regra Desde maio, os novos depósitos deixaram de render juros fixos de 0,5% ao mês acima da Taxa Referencial (TR) o que dava pelo menos 6,17% ao ano. Pelas novas regras, quando a taxa de juros básica da economia, a Selic, estiver num patamar igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança passa a render 70% dessa taxa, mais a TR. Atualmente a Selic está em 7,5%.

O saldo acumulado no sistema soma atualmente R$ 465,1 bilhões. O valor cresce todo mês também com a incorporação de rendimentos. Só em agosto, eles engordaram as contas em R$ 2,14 bilhões, além dos R$ 3,49 bilhões em depósitos líquidos.