Título: Palanque reforçado em SP
Autor: Seffrin, Felipe
Fonte: Correio Braziliense, 12/09/2012, Política, p. 3

Palanque reforçado em SP

Lula participa de ato de campanha ao lado de Haddad e discursa por 25 minutos. Ex-presidente afirma que, na capital paulista, vai repetir o fenômeno de levar um candidato desconhecido à vitória nas urnas, como fez com Dilma em 2010 FELIPE SEFFRIN

São Paulo — Enquanto em Brasília ocorria a reconfiguração ministerial que alçou a senadora Marta Suplicy (PT-SP) ao posto de titular da Cultura poucos dias depois de ela aderir à campanha de Fernando Haddad, o nome petista à prefeitura de São Paulo teve a candidatura mais uma vez reforçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que subiu no palanque para exaltar o pupilo.

No primeiro evento público de campanha ao lado de Haddad, Lula discursou por 25 minutos e anunciou que, por motivo de saúde, não percorrerá o país para manifestar apoio aos demais candidatos aliados nas outras cidades — ele ainda se recupera do tratamento para combater o câncer na laringe diagnosticado no ano passado. Dessa forma, Lula focará as ações na capital paulistana, onde quer repetir a experiência que levou a então ministra Dilma Rousseff, sob sua chancela, ao cargo de presidente da República em 2010.

"Em função da garganta e do tratamento, não vai dar para rodar o Brasil. Por isso, decidi me dedicar mais a São Paulo", justificou Lula, recordando que 27 de outubro, data do segundo turno das eleições, é seu aniversário e também marca um ano da descoberta do câncer na laringe. Recebido com festa por cerca de 3 mil pessoas na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, na região central da capital paulista, Lula esbanjou fôlego. O ex-presidente adiantou que não teria condições de se "esgoelar como no passado", mas fez uma defesa feroz de Haddad, sendo aplaudido mais que o próprio concorrente à prefeitura.

"Quando decidi que a Dilma precisava ser presidente, muita gente me questionava se eu estava louco. Eu dizia que, depois de oito anos trabalhando juntos, descobri a inteligência, a dedicação e a competência em uma pessoa que poderia fazer mais do que eu fiz", recordou Lula. "Foi com essa mesma convicção que eu quis convencer o partido a aceitar o nome do Haddad. E não foi fácil", afirmou. "A Dilma também não sabia subir em palanque, segurar microfone. Nós íamos a obras, eu abraçava as pessoas e ela ficava no cantinho, mas depois ela aprendeu a abraçar e gostou. O Haddad vai aprender também."

Lula evitou críticas aos demais candidatos, preferindo ressaltar o desempenho de Haddad à frente do Ministério da Educação. O ex-presidente recordou que o pupilo triplicou o orçamento da pasta e criou importantes programas, como o Programa Universidade para Todos (ProUni). "Em quase oito anos, ele fez mais pela educação do que em 100 anos."

Antes da plenária com representantes de diversos sindicatos municipais e estaduais de São Paulo, Fernando Haddad exaltou a participação do ex-presidente na campanha. "Para nós, é muito importante trazer a prosperidade dos governos Lula e Dilma, que têm 80% de aprovação, para substituir uma administração que tem 80% de reprovação", afirmou. O candidato petista não acredita que a nacionalização da campanha o beneficie, mas acha justa a participação de pessoas com "expressão nacional" no pleito paulistano devido à "posição estratégica de São Paulo no plano de desenvolvimento do país".