Título: Suplente apoia Serra
Autor: Mascarenha, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 12/09/2012, Política, p. 4

PT busca nomes para ocupar a vice-presidência do Senado, mas cadeira de Marta Suplicy vai para aliado dos tucanos em SP

O PT corre contra o tempo para encontrar um substituto da recém-anunciada ministra da Cultura, Marta Suplicy, na vice-presidência do Senado. O segundo cargo mais importante da Casa, outrora convidativo, neste momento, causa repulsa a alguns dos principais quadros do partido. Quem quiser ocupá-lo agora sabe que permanecerá na cadeira somente até fevereiro de 2013 — quando ocorrerá nova eleição. Isso porque o Regimento Interno impede a reeleição dos ocupantes dos postos de comando da Mesa. Hoje, a bancada petista vai se reunir para definir um nome. Parlamentares como Jorge Vianna (PT-AC) e Ana Rita (PT-ES) aparecem como alternativas. Mas a cadeira de Marta Suplicy será ocupada por um aliado do candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, José Serra, o vereador paulistano Antônio Carlos Rodrigues, do PR.

Em vista dessas circunstâncias, o substituto natural, o líder do PT no Congresso, senador José Pimentel (PT-PE), não deve aceitar a "missão", como definiu o líder petista, Walter Pinheiro (PT). "Será que ele vai querer? Acho que não", avaliou Pinheiro. O senador pernambucano alimenta a expectativa de chegar à vice-presidência no ano que vem, de forma definitiva. Em março, Pimentel abriu mão da cadeira, a pedido do comando do partido, em benefício de Marta Suplicy. Ela queria continuar na Mesa Diretora como contrapartida por não ter sido escolhida para disputar a prefeitura de São Paulo pelo PT. Um acordo, acertado entre os caciques da legenda em 2011, previa que Marta ocuparia o posto no primeiro dos dois anos de mandato e seu correligionário a substituiria no segundo ano. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu o martelo, na ocasião, em favor da candidatura de Fernando Haddad.

A agonia petista tem data para acabar ou se agravar. De acordo com o regimento, quando um integrante da Mesa renuncia até 120 dias antes de terminar o mandato, é necessário fazer nova eleição no prazo máximo de cinco dias depois de o titular oficializar a saída. Como o pleito do ano que vem está marcado para os primeiros dias de fevereiro, o PT tem até o fim deste mês para que o plenário escolha o novo vice-presidente. Se isso não ocorrer, a posto ficará vago até 2013 e o PT, com menos um representante no comando da Casa. O Congresso, porém, está em recesso parlamentar, e a renúncia de Marta só deve ser formalizada amanhã. Assim, a eleição só poderia ocorrer no próximo esforço concentrado.

De vereador a senador Walter Pinheiro defende que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), convoque sessões para a semana que vem. "Mas, se não houver (sessão), obviamente, esse prazo de cinco dias não vai valer. Como fazer para escolher um novo vice sem quórum? Não existe", adiantou o líder.

Enquanto avalia o melhor nome para ocupar a vice-presidência, o PT e a base aliada vão ceder uma de suas cadeiras no plenário do Senado a um aliado do candidato do PSDB a prefeitura de São Paulo, José Serra. O suplente de Marta, que exercerá o mandado da senadora enquanto ela estiver no Ministério da Cultura, é o vereador paulistano Antônio Carlos Rodrigues (PR), cujo partido integra a coligação da candidatura tucana.

Por outro lado, o vereador é estreitamente ligado ao ex-deputado federal Valdemar da Costa Neto, um dos réus do processo do mensalão, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de participar do esquema de pagamento de propina a parlamentares durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rodrigues já foi presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo entre 2007 e 2010.