Correio braziliense, n. 20463, 31/05/2019. Política, p. 2

 

Maia, o fiador da retomada do crescimento

31/05/2019

 

 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai ser o fiador da retomada da economia. É ele quem capitaneia uma articulação de reação conjunta entre lideranças partidárias que engloba o PSL, o Centrão e legendas de oposição para aprovar as agendas econômicas do Pacto Federativo — para distribuição de recursos entre estados e municípios — e das reformas da Previdência e tributária. Como o presidente Jair Bolsonaro, ele não assumiu a culpa e não a transferiu para o governo, embora tenha, nas entrelinhas, alfinetado o Executivo. Em discurso, ontem, na Convenção Nacional do Democratas, cobrou do “Brasil” mais “racionalidade, equilíbrio, menos discurso para fora e mais compromisso com a pauta de mudanças”.

A articulação de Maia é ampla e feita nos detalhes. Como o governo reluta em ceder espaços para ocupação de indicados políticos, ela é trabalhada por meio do protagonismos em relatorias e presidências, nos casos das Comissões Especiais, como a da reforma da Previdência, que tem os deputados Marcelo Ramos (PL-AM, ex-PR) na Presidência, e Samuel Moreira (PSDB-SP), na relatoria. A difusão partidária se estende na reforma tributária que, atualmente, é dividida entre três frentes: a proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019, o Projeto de Lei nº 3.129/2019, e a criação do grupo de trabalho de combate à sonegação e à fraude tributária.

A PEC 45, que unifica cinco tributos em somente um, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), é de autoria de Baleia Rossi (MDB-SP), líder do partido na Câmara, e foi relatada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por João Roma (PRB-BA), primeiro-vice-líder da sigla na Casa. O PL nº 3.129, que atualiza a tabela do Imposto de Renda, é de autoria de Luís Miranda (DEM-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista da Reforma Tributária, e será relatada por Celso Sabino (PSDB-BA), vice-líder da bancada tucana. Já o grupo de trabalho, que terá os integrantes empossados em jantar na próxima quarta-feira, com a presença de Maia, será composto por deputados de todos os espectros políticos, inclusive da oposição.

Protagonismo

Na articulação feita por Maia, há sete partidos fortes: DEM, PSDB, PSD, PSL, PP, PL e MDB. Juntos, têm 259 deputados. A interlocução é feita com a participação da liderança do governo. “Os temas importantes estão sendo distribuídos em forma de relatorias entre esses partidos”, destacou o deputado José Rocha (PL-BA), vice-líder do governo na Câmara, que vê superada a relação entre Maia e o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO).

Em discurso na convenção, Maia disse que a democracia se constrói com instituições e partidos fortes. É de que a articulação dele se constitui, ao dar protagonismo a parlamentares de partidos aliados à interlocução do demista, comprometidos com a agenda econômica. Vice-líder do bloco formado por PP, MDB e PTB, Fausto Pinato (PP-SP) admitiu que o partido tem participado ativamente das articulações para viabilizar a aprovação das agendas econômicas reformistas, embora tenha ressaltado que a legenda nunca andou a “reboque” de presidentes da Câmara.

O deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE) fez boa avaliação da reforma tributária, com desoneração do consumo e o combate à sonegação, e disse ver como positiva a articulação comandada por Maia. “É perfeita, feita por decisões que saem do parlamento. Não dá para esperar que o governo faça política com MPs e decretos. Rodrigo tem sido coerente desde a eleição para a Presidência da Casa, quando disse que queria ser o presidente de todos nós”, frisou. (RC e MEC).

Frase

“O Brasil está precisando de racionalidade e equilíbrio. Menos discurso para fora e mais compromissos com a pauta de mudanças que esse país precisa”

Rodrigo Maia, presidente da Câmara