O globo, n. 31334, 22/05/2019. País, p. 10

 

Constituição é suficiente para regular redes, diz ANJ

22/05/2019

 

 

Dirigentes de entidades que reúnem veículos de comunicação destacam importância do jornalismo contra desinformação

Enquanto alguns países começam a aprovar leis para coibir abusos nas redes sociais , no Brasil a Constituição, se cumprida, já é suficiente para “começar a colocar ordem nas coisas”. A avaliação é do presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech , durante a 13ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, realizada ontem na Câmara.

Presentes no evento, dirigentes de entidades que reúnem veículos de comunicação destacaram a importância do jornalismo profissional e independente para combater a desinformação nas redes sociais, refutaram a censura e reconheceram que os jornalistas também podem cometer erros, mas que, quando isso ocorre, têm o compromisso de assumi-los e corrigi-los.

—No Brasil, eu tenho a posição de que bastaria cumprir a Constituição para começar a colocar ordem nas coisas. A Constituição diz o seguinte: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Se fosse cumprida a Constituição de mosociedade do que o anonimato, que significa robôs, trolls, toda essa quantidade enorme de instrumentalização, industrialização do ódio e do rancor, estivesse dentro do regramento, boa parte dos problemas que vemos nas redes sociais já seria eliminada — declarou Marcelo Rech.

O presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), Paulo Tonet Camargo, rechaçou qualquer controle do Estado no sentido de definir o que a deve saber.

— Tenho repetido que nenhum Estado nem ninguém tem o poder de dizer o que a sociedade deve ou não saber. A sociedade deve saber de tudo e fazer seu juízo — afirmou Tonet, que também criticou a atuação de empresas de tecnologia na distribuição de conteúdos:

— Não se importam se a rentabilização bilionária é fruto de interação com conteúdos nocivos, como mentiras notórias, ideias conspiratórias, ideologias extremistas.

O presidente da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), Fábio Gallo, lamentou que a intolerância no mundo digital tenha sido transposta para o mundo real.

—Algoritmos empurram as pessoas a permanecerem no diálogo apenas com quem pensa como elas, uma barreira ao pluralismo, um fomento ao sectarismo —declarou.