Título: Chiadeira de policiais
Autor: Valadares, João; Filizola, Paula; Batista. Vera
Fonte: Correio Braziliense, 08/09/2012, Política, p. 2

De braços cruzados desde 7 de agosto, policiais federais aproveitaram ontem as comemorações dos 190 anos de Independência do país, realizadas na Esplanada, para protestar por reajustes salariais e melhores condições de trabalho. Mais de 100 grevistas ocuparam uma arquibancada posicionada na altura do Ministério da Fazenda e até o começo do desfile vestiam roupas comuns. Assim que o cortejo presidencial abriu a programação da festa e se aproximou do palanque oficial, todos eles vestiram camisetas pretas com um pedido de socorro à corporação. Não houve nenhum ato de violência dos manifestantes.

Uma faixa preta e amarela que continha a frase "S.O.S. para a Polícia Federal" foi amarrada em um poste e atrapalhou a visão do público por alguns minutos. Os policiais também entoaram um grito de protesto semelhante ao de torcidas de futebol: "Ô, a Federal parou, a Federal parou". Somente após muita reclamação dos espectadores o presidente do sindicato da categoria, Jonas Leal, pediu que a bandeira fosse retirada do local.

De acordo com Leal, a categoria se reuniu no local para mostrar aos governantes e alertar a população que ainda está de braços cruzados. "Acreditamos que a presidente Dilma não conhece a realidade dos departamentos de Polícia Federal dos estados e, por isso, não tomou nenhuma providência. Não viemos aqui para hostilizar ninguém", disse.

Pedidos Os agentes disseram não à proposta do governo de reajuste salarial de 15,8%, em três anos, oferecida aos servidores públicos grevistas no mês passado. Entre as principais reivindicações da categorias estão a reestruturação da carreira e a inserção na tabela de remuneração de nível superior.

De acordo com o sindicato, os policiais têm hoje salários que variam entre R$ 7,5 mil e R$ 13 mil e não recebem reajuste há mais de três anos. Com a reestruturação e a equiparação às carreiras de Estado, as remunerações subiriam para entre R$ 11,5 mil e R$ 19 mil. Além disso, os agentes demonstram maior irritação com as diferenças salariais dentro da corporação porque não contam com o apoio de colegas, como delegados e dirigentes, que discordam da equiparação. Na última quarta feira, os grevistas utilizaram um piano para cobrar o reajuste salarial. Diante do Ministério da Justiça, um pianista contratado fez um concerto com o instrumento carregado pelo manifestantes.