O globo, n. 31333, 21/05/2019. Economia, p. 17

 

Viagens mais longas e caras

Geralda Doca

21/05/2019

 

 

Saída da Avianca deixaria 18 rotas com apenas uma empresa. Preço deve subir

Com a possível saída da Avianca do mercado, os viajantes devem passar ater apena suma opção devo o direto em, pelo menos, 18 das principais rotas que eram operadas pela companhia. Segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apedido do GLOBO, os trechos mais afetados partem de Guarulhos e Galeão. O reflexo imediato da mudança de cenário para o consumidor é o aumento no preço da passagem, além do inconveniente deter que trocar um voo direto por outro com escala e conexão, levando mais tempo para chegar ao destino.

No Rio, por exemplo, são rotas para Brasília, Salvador e São Paulo (Congonhas). No caso de Guarulhos, as ligações prejudicadas são para Belém, João Pessoa, Juazeiro do Norte, Campo Grande, Foz do Iguaçu e Navegantes. Também estão na lista rotas de Recife para Petrolina e Salvador e de Salvador para Ilhéus.

Segundo os técnicos responsáveis pelo trabalho, o quadro é um reflexo da malha aérea no mês de abril, auge da crise da Avianca. Desde então, é possível que tenha ocorrido algum rearranjo na malhadas empresas, mas o mercado continua altamente concentrado.

Segundo a Anac, o preço do bilhete em rotas com uma única companhia, considerando uma viagem de mil quilômetros, chega a custar 47% mais do que o valor cobrado nos trechos operados por três empresas. Em abril, quando a Avianca teve de devolver quase 50 aviões por falta de pagamento, a companhia sofreu redução de 45,5% na procura

por bilhetes. Assim, sua participação no mercado despencou de 12,6% em março para 7,8% em abril e o número de passageiros baixou de 880 mil para 599 mil no período.

Já Azul, Gole Latam tiveram crescimento. A que mais se beneficiou foi a Azul, uma vez que opera rotas semelhantes. Como a oferta de voos caiu 1% no mês passado e a demanda subiu 0,8%, a tendência natural é de alta nos preços.

Corrida para aprovar MP

A Anac alega que está monitorando o assunto, mas que não pode intervir no mercado, que é livre para definir preços de passagens e rotas a serem ofertadas. A solução para o problema na visão das autoridades responsáveis pela aviação civil passa pela abertura do setor ao capital estrangeiro.

Isso traria para o mercado doméstico uma companhia low cost (de baixo custo e baixa tarifa) para forçara concorrência. P orisso, o governo corre contra o tempo para aprovara medida provisória( MP) que derruba a restrição aos investidores estrangeiros no setor.

A dificuldade é que duas mudanças foram apresentadas por parlamentares a esse texto: a franquia de bagagem e a obrigatoriedade de destinar 5% da malha para voos regionais. Isso, segundo o governo, afasta as empresas low cost .A MP, editada em dezembro, logo após a recuperação judicial da Avianca, perde a validade amanhã se não for votada.

Segundo o secretário de Aviação Civil (SAC), Ronei Saggioro Glanzmann, as assessorias parlamentares dos órgãos do setor foram mobilizadas para atuar no Congresso para aprovar a MP. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, foram acionados paranã o deixara proposta caducar. Maia disse que é possível votar a MP no prazo. No entanto, não garante a aprovação da versão original.

O líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo( PS L GO ), disseque aba sede apoio apresentará requerimento de preferência durante a votação da proposta no plenário para restabelecer o texto original:

— Não é bom para o país deixar essa MP caducar.

A ideia, segundo ele,é aprovar a proposta no plenário da Câmara hoje e no Senado amanhã. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse que será preciso vencera obstrução dos partidos da oposição.

O governo ainda avalia se, diante da possibilidade de derrota, é melhor votar o texto como está, deixando o veto para o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, neste caso, perduraria a insegurança jurídica, porque o veto pode ser derrubado pelo Congresso posteriormente.

Enquanto isso, a Air Europa entrou com pedido na junta comercial de São Paulona sexta-feira paras e instalar no Brasil e operar no mercado doméstico. Se a MP não for votada atempo, o negócio fi caem suspenso, deixando o caso num limbo jurídico. A companhia deu entrada no pedido durante a vigência da MP, mas ainda precisa de outros trâmites antes de poder atuar.

Caso a MP perca a validade, o governo tema opção de acelerara votação de outro projeto que tratada lei geral do turismo e transforma a Embratur em agência. A proposta aborda o fim do capital estrangeiro no setor aéreo ejá passou pela Câmara. O texto não tem o apoio integral do Executivo. Se não houver mudança, volta a valer o limite de 20% de capital estrangeiro.

Veja quais trechos podem ter só uma companhia

> A eventual saída do mercado da Avianca pode reduzir a oferta de voos a apenas uma companhia aérea em alguns trechos que foram mapeados pela Anac.

> Fortaleza Galeão

> Fortaleza Congonhas

> Galeão Brasília > Galeão Congonhas

> Galeão Salvador

> Galeão Belém

> Guarulhos Campo Grande

> Guarulhos Foz do Iguaçu

> Guarulhos João Pessoa

> Guarulhos Juazeiro do Norte > Guarulhos Navegantes (Sta. Catarina)

> Juazeiro do Norte - Guarulhos

> Maceió Brasília

> Maceió -Guarulhos

> Petrolina Recife

> Recife Petrolina

> Recife -Salvador

Salvador Ilhéus

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Gol e Latam pedem que Justiça barre oferta da Azul

Leo Branco

21/05/2019

 

 

Justiça deu prazo para que interessados no processo se manifestassem a respeito da proposta de compra de bens da Avianca

Gol, Latam e o fundo americano de investimentos Elliott pediram à Justiça paulista ontem para barrar a proposta de compra da Avianca Brasil apresentada na semana passada pela Azul, no valor de US$ 145 milhões. O Elliott detém 80% das dívidas. O argumento do credor é que a proposta é “conflitante” com o plano aprovado em abril.

A Azul sugeriu que os ativos da Avianca, como autorizações de pouso e decolagens (slots), sejam reunidos em um pacote.

Gol e Latam propõem que a empresa seja dividida em lotes, que seriam leiloados no último dia 7. Outro credor, porém, a prestadora de serviços aeroportuários Swissport, recorreu à Justiça contra o leilão.

A petição apresentada pelo Elliott, assinada pelo escritório Pinheiro Guimarães, classifica a proposta da Azul como “ousada aventura jurídica”. De acordo com o texto, a proposta não tem representatividade ou legitimidade.

A Latam também não poupa críticas à Azul, terceira entre as aéreas no país, no documento apresentado à Justiça:

“Pela segunda vez neste processo, a Azul aparece autoproclamando-se a salvadora da Pátria, quer dizer, da Avianca”, afirmam advogados do escritório Barbosa, Mussnich, Aragão, que representa a Latam.

A manifestação das empresas aéreas e do fundo de investimentos Elliott é uma resposta ao pedido do juiz Tiago Limongi, da 1ª Vara de Recuperações Judiciais e Falências da capital paulista. Na quarta-feira da semana passada, Limongi deu 48 horas para as partes envolvidas na recuperação judicial da Avianca se posicionarem sobre a proposta da Azul.

Em nota, a Azul afirma que sua oferta é melhor para funcionários, clientes e credores, tem maior possibilidade de implementação e elevaria a competição na ponte aérea Rio-São Paulo. Procurada, a Avianca não comentou.