O globo, n. 31328, 16/05/2019. Mundo, p. 22

Bolsonaro diz a Bush estar preocupado com Cristina

Henrique Gomes Batista

16/05/2019

Em encontro em Dallas, presidente afirma a americano que retorno da peronista ao poder na Argentina seria ‘um retrocesso’

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que a Argentina , e não a Venezuela, foi um dos principais assuntos discutidos com o ex-presidente americano George W. Bush, durante um encontro de cerca de uma hora em Dallas, no Texas. Bolsonaro chegou pela manhã à cidade e se encontrou com B us hem seu escritório no fimd atarde. Como jáha vi afeito anteriormente, Bolsonaro expressou seu temor de que a ex-presidente Cristina Kirchner volte ao poder nas eleições de outubro.

—Na Argentina há a possibilidade de voltara senhora ex presidente e, em voltando, nós podemos correr o risco de, apesar de a economia deles não estar in dobe me o populismo voltar àquele local, nós termos um anova Venezuelano Sul da América do Sul —disse Bolsonaro. —Sabemos da dificuldade da Venezuela voltar à normalidade. Mas, mais importante do que fazer um gol é evitar outro, e esse gol contra seria a Argentina voltando para as mãos da Kirchner.

No encontro com Bush — o primeiro compromisso oficial em sua atual visita aos EUA e só confirmado ontem mesmo — Bolsonaro também afirmou que, “pelo semblante” do ex-presidente americano, acredita que ele compartilha de suas preocupações.

—Eu não sou vidente, mas, pelo semblante, eu entendi que ele tem preocupação não só com a Venezuela, mas com a questão da Argentina.

O presidente fez a ressalva de que sua preocupação é “como cidadão, como patriota, como democrata e amante da liberdade” e que “nós gostaríamos que a Argentina não retrocedesse nessa questão ideológica”.

Bush é "alegre e simpático"

Segundo Bolsonaro, os dois também falaram sobre a “tradição dos ex-presidentes de não se envolverem na politica atual, nem criticar ou elogiar o presidente de momento”. Bush é uma das mais potentes vozes opositoras a Donald Trump.

O presidente tachou o encontro de “bastante cordial”:

—Ele é uma pessoa bastante alegre, muito simpática, muito receptiva à nossa visita e deu grandes sinalizações de que tem uma grande simpatia e respeito pelo Brasil.

Segundo fontes, os dois também abordaram parcerias no setor de petróleo e gás, cooperação com o Partido Republicano e como levar investimentos de infraestrutura dos EUA para o Brasil. De acordo com o relato, Bush teria elogiado a decisão de Bolsonaro de ir ao Texas e estaria disposto a ajudar com contatos com empresários locais.

Ajudinha a Macri

Bolsonaro chegou pela manhã ao Texas, onde receberá um prêmio da “Personalidade do Ano” da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. A solenidade de entrega aconteceria em Nova York, mas após protestos na cidade, declarações contrárias a sua visita pelo prefeito Bill de Blasio e a recusa do Museu de História Natural e do Hotel Marriott Marquis de sediarem o evento, Bolsonaro cancelou sua participação e a agenda foi mudada para Dallas. Depois do encontro com Bush, Bolsonaro visitou o Sixth Floor Museum, dedicado ao assassinato do presidente John Kennedy em 1963.

—É emocionante, uma parte da História importante, não só dos Estados Unidos, mas do mundo —disse ele.

Por sua vez, menos de um mês antes da viagem do presidente Bolsonaro a Buenos Aires no próximo dia 6 de junho, o deputado e filho do chefe de Estado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) chegará hoje à capital argentina para uma visita de dois dias que terá a questão Venezuela no centro da agenda. A Casa Rosada não confirmou uma reunião entre o deputado e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara e o presidente Mauricio Macri, mas o encontro pode ocorrer.

Com Macri em campanha pela reeleição e em baixa nas pesquisas, fontes apontaram que o governo brasileiro quer “dar uma ajudinha ao presidente argentino”. Nas últimas semanas, a senadora e ex-presidente Cristina Kirchner consolidou-se como a pré-candidata mais forte para as presidenciais de 28 de outubro. (Colaborou Janaína Figueiredo)

Opinião do GLOBO

Équívoco

MINISTRO DE Ciência e Tecnologia no governo Lula, Roberto Amaral, que também presidiu o PSB, defendeu o domínio da tecnologia para a produção de bombas nucleares. Para provar que erros são cometidos à esquerda e à direita, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez o mesmo, quarta, na Escola Superior de Guerra (ESG). Como se não bastassem os problemas que o país já tem.

O DELÍRIO de tornar o país uma potência nuclear já foi superado. O Brasil endossou o Tratado de Não Proliferação e fez o mesmo com o acordo que bane este tipo de arma da América Latina e Caribe. Não faz sentido voltar ao passado.

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Doria ataca prefeito de Nova York: ‘Seja gentil com o presidente’

16/05/2019

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi o principal destaque na premiação realizada na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos na noite de ontem. Em discurso, Doria deu um recado ao prefeito Bill de Blasio, a quem acusou de faltar com a gentileza ao povo brasileiro.

— Da próxima vez, Bill de Blasio, seja gentil com o presidente do nosso país. Seja gentil com todos os brasileiros que visitam a sua cidade, sejam quem forem. Seja como todos os nova-iorquinos que recebem milhões de visitantes todos os anos, de todas as raças, crenças e pensamentos —afirmou Doria.

O governador postou o vídeo, legendado, em sua conta no Twitter. Ele destacou que falava na condição de ex-prefeito da “terceira maior capital do mundo” e “sobretudo, como brasileiro”. Segundo Doria, ao voltar-se contra Bolsonaro, de Blasio contrariou a tradição americana de respeito à liberdade e à pluralidade e de compromisso com os direitos humanos. E completou:

— Apesar de você Bill de Blasio, nós amamos Nova York e nós amamos os EUA.

Blasio acusou Bolsonaro de ser “racista, homofóbico e destrutivo” e afirmou que ele não era bem-vindo na cidade. O presidente se referiu à polêmica na chegada ao hotel em Dallas.

— Também amo Nova York, pretendo, se o prefeito de lá deixar o poder, que vai deixar brevemente, conhecer essa cidade, que também foi um sonho meu.