Título: Intercâmbio musical na Torre de TV
Autor: Paganini, Arthur; Hassel, Rosaona
Fonte: Correio Braziliense, 08/09/2012, Cidades, p. 22

Cerca de 3 mil pessoas acompanharam o show das cantoras Roberta Sá e Mariza, ontem à noite, no encerramento do Dia da Independência. O espetáculo marcou o início do Ano de Portugal no Brasil

As comemorações do Dia da Independência do Brasil tiveram início na Esplanada dos Ministérios e terminaram na Praça das Fontes, em frente à Torre de TV. O encontro do samba com o fado, no começo da noite de ontem, na área da Praça das Fontes, marcou a abertura do Ano de Portugal no Brasil. O show das cantoras Roberta Sá e Mariza foi o ponto alto do evento, que reuniu público de 3 mil pessoas. Antes, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional executou duas peças clássicas, Amor industrial, de João de Souza Carvalho; e Lo schiavo, da Carlos Gomes.

Logo em seguida, acompanhada por banda, Roberta Sá cantou músicas do seu repertório como Bem a sós, Mais alguém, Samba de 1 minuto e Ah, se eu vou, recebidas com aplausos pela platéia. Com Mariza, ela fez duo no clássico Insensatez, de Tom Jobim. A cantora portuguesa, que neste número esqueceu por momento o sotaque, foi totalmente lusitana os desfiar fados belíssimos os quais Promete jura, Barco Negro e Chuva. Ao interpretar Rosa branca, convocou os espectadores para fazer coro no refrão.

Quando começou a cantar A gente da minha terra, em homengem a Amália Rodrigues, o maior nome do fado em todos os tempos, Mariza desceu do palco e foi ao encontro das pessoas. Vendo-a de perto, José Paiva Ferreira, português de 85 anos, radicado em Brasília desde 1960, chorou. "É muita emoção poder estar tão próximo desta grande fadista. E ainda mais ouvindo-a cantar uma música que fala da terrinha", disse o morador da 713 Sul, que assistiu ao show com a mulher, Maria da Encarnação. O espetáculo chegou ao fim com Roberta e Mariza soltando a voz em Fado tropical, de Chico Buarque.

Entre os que mais as aplaudiram estava a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, irmã do compositor, sentada na primeira fila ao lado do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do embaixador de Portugal, Francisco Ribeiro Telles. No encerramento, às 20h10, o público apreciou, durante 10 minutos, a queima de fogos de artifício. A programação do Ano de Portugal no Brasil prosseguirá até 10 de junho de 2013, data nacional do país, com eventos culturais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

Parceria A ministra Ana de Hollanda lembrou que o evento foi organizado ao longo de quase dois anos. Ela se mostrou feliz com o resultado. "É só o começo. Até o próximo ano, teremos diversos momentos artísticos por todo o Brasil, sem contar os festejos brasileiros que acontecerão em Portugal. É muito importante celebrar esta parceria", destacou.

O evento de ontem agradou ao público. A cantora lírica Sônia Santos, 53 anos, chegou às 15h para guardar um lugar bem próximo ao palco. Desta vez, a paraibana era apenas uma fã. "Aprecio muito as duas cantoras. O show foi belíssimo e, para quem trabalha com isso, é muito bom aprender mais um pouco e se espelhar em artistas desse nível."

Marcos Vinícius Mesquita, 17 anos, assistiu pela primeira vez a uma apresentação da Orquestra Sinfônica e nunca tinha ouvido falar do fado. Ele, que é fã de heavy metal, disse que não podia perder a chance de conhecer esse tipo de música. "Independentemente dos estilos pessoais, é preciso apreciar tudo, e este é o típico programa para toda a família", disse o jovem.