Correio braziliense, n. 20434, 02/05/2019. Política, p. 3

 

Sergio Moro defende Coaf na Justiça

02/05/2019

 

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendeu ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan, que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fique com o Ministério da Justiça. Ele afirmou que o órgão estava “esquecido” no Ministério da Fazenda e garantiu que o ministro Paulo Guedes, da Economia, não quer o Coaf. “Guedes não quer o Coaf, ele tem uma série de preocupações, tem a reforma da Previdência. A tendência lá é ele (Coaf) ficar esquecido, e na Justiça temos ele como essencial”, disse.

Moro argumentou ainda que o ministério tem o compromisso de manter o sigilo das informações investigadas dentro do Coaf. O risco de que se firam garantias individuais, como o sigilo bancário, é o principal argumento para aqueles que defendem o retorno do conselho para a pasta de Economia.

“Temos compromisso em manter sigilo, porque a gente sabe que informações não devem ser devassadas, para não expor o cidadão. E também porque entendemos que expor prematuramente prejudica investigações”, apontou. Ele afirmou ainda acreditar que qualquer vazamento no passado não tenha saído do corpo do Coaf.

Moro defendeu também que os ministérios da Justiça e da Segurança Pública continuem parte da mesma pasta. Segundo ele, parte relevante das atribuições da segurança pública estão, na verdade, dentro do Ministério da Justiça e, por isso, separá-las geraria “um inconveniente”.

Mesmo assim, Moro preferiu evitar polêmicas com o senador Major Olímpio (PSL-SP), que defende a separação das pastas. Assim, evitou críticas às opiniões do parlamentar. Segundo o ministro, ele entende o argumento do político, uma vez que, no passado, os órgãos já foram unidos e não melhoraram a situação brasileira de insegurança. “Conversei com o Major Olímpio e espero convencê-lo de que essa posição não é a melhor”, antecipou.

Pacote anticrime

Na entrevista à rádio, o ministro disse ainda que quer o Congresso como “parceiro” na votação do projeto anticrime, entregue por ele aos parlamentares no início de fevereiro. Moro afirmou entender que o Legislativo “tem seu tempo”, mas frisou o desejo de ver texto votado o mais rapidamente possível. “Claro que nós gostaríamos que isso fosse votado o mais breve possível, mas nós temos que respeitar. É um novo Congresso, assim como é um novo governo”, argumentou.

Moro disse também que o problema da criminalidade no país não será resolvido diminuindo o encarceramento. “Não se resolve o problema da criminalidade simplesmente abrindo-se as portas da cadeia”, analisou. Segundo ele, é necessário, sim, pensar em políticas sociais e de urbanização para minimizar crimes, mas “é importante tirar o criminoso de circulação”. E discutir alguns casos específicos, em que houve excesso de pena. “São estratégias que não são excludentes, têm que ser adotadas em conjunto”, disse.