Título: Venda de mansão direta para Cachoeira
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 13/09/2012, Política, p. 6

A casa em um condomínio de Goiânia que pertencia ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi vendida ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Quem garante é o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP). O parlamentar comprovou que uma escritura passada pela empresa Mestra Administração e Participações à mulher do bicheiro, Andressa Mendonça, referia-se à transferência do imóvel para o casal.

O senador teve acesso ao documento, apreendido pela Polícia Federal na própria casa onde ela morava com o marido. A prova da transação entre a Mestra e Andressa reforça a tese de que a empresa havia sido usada como intermediária para maquiar o negócio firmado entre Perillo e Cachoeira. A procuração, datada de agosto de 2011, desmente a versão dada pelo proprietário da administradora, Walter Paulo Santiago, em depoimento à CPI mista que investiga a extensão dos tentáculos da quadrilha comandada pelo contraventor.

"Já sabíamos que a procuração existia, mas não que ela tratava da transferência do imóvel para a Andressa. Mas agora isso está provado. O documento deixa claro que Marconi Perillo usou atravessadores para dificultar a identificação de quem foi o verdadeiro comprador: Carlinhos Cachoeira. Vender a casa para Cachoeira não é ilegal. Então, por que ele e o dono da Mestra não revelaram a verdade à CPI?", indagou Randolfe Rodrigues, adiantando que o documento deverá chegar à CPI até o início da semana que vem.

Walter Paulo Santiago afirmou ao colegiado que comprara a casa do governador em julho do ano passado, por intermédio do vereador de Goiânia Wladimir Garcez, preso, assim como Cachoeira, em fevereiro deste ano. Sustentou ainda ter pago R$1,4 milhão, em dinheiro, e jamais ter tido conhecimento da presença do contraventor e de Andressa na residência. Ele afirmou apenas que, ao sacramentar a aquisição, Garcez pediu um prazo para entregar-lhe a casa porque ela estava sendo usada por uma amiga do vereador, que não contou tratar-se da mulher do bicheiro.

À CPI, o governador de Goiás negou ter feito negócio com Cachoeira. Afirmou que vendeu o imóvel para a Garcez. O vereador, sem conseguir arcar com as parcelas acordadas, teria procurado outro interessado e a revendeu para o proprietário da Mestra. Diferentemente do que disse Walter Paulo, Perillo garantiu que recebeu três cheques pela venda da casa.

Colaboração Ontem, Marconi Perillo comunicou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já se manifestou sobre a transação envolvendo o imóvel. Argumentou que, agora, as explicações cabem apenas a quem elaborou a procuração, em agosto, consequentemente depois da venda da residência para Wladimir Garcez. O governador reiterou não ter "conhecimento e absolutamente nada a ver com o assunto". A reportagem não conseguiu localizar Walter Paulo Santiago.

Com a CPI paralisada até depois das eleições municipais, o senador Randolfe Rodrigues reuniu-se na terça-feira com os procuradores da República Léa Batista e Daniel Rezende, responsáveis pelas investigações que resultaram nas operações Vegas e Monte Carlo, esta última, que culminou com a prisão de Cachoeira e seus aliados. No encontro, o parlamentar pediu colaboração do Ministério Público para continuar apurando a atuação da organização criminosa.

Acordo pelo Código Florestal Os senadores da base aliada Jorge Vianna (PT-AC), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) se reuniram ontem com o deputado Homero Pereira (PSD-MT), líder da bancada ruralista no Congresso, para tentar afinar o discurso e acertar a data de votação da MP do Código Florestal na Câmara e no Senado. No encontro, os governistas sugeriram a Pereira que articule um acordo com os ruralistas para alterar o tópico do texto da proposta referente à recuperação de leitos de rios. A mudanças agradaria ao governo federal.

"O documento deixa claro que Marconi Perillo usou atravessadores para dificultar a identificação de quem foi o verdadeiro comprador: Carlinhos Cachoeira" Randolfe Rodrigues (PSol-AP), senador