Título: Inflação ainda pesará
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 13/09/2012, Economia, p. 11

Com um discurso otimista, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tentou convencer o mercado e o setor produtivo de que o pior da crise mundial já passou. Ontem, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ele foi enfático na defesa dos estímulos dados pelo governo ao consumo e à produção, a exemplo das desonerações tributárias e da redução de cinco ponto percentuais, de 12,50% para 7,50%, da taxa básica de juros (Selic). No entender dele, se, no primeiro semestre, as medidas não tiveram o efeito esperado, na segunda metade do ano o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) avançará a taxas mais robustas. Já a inflação permanecerá alta por algum tempo — acima de 5% —, mas deverá ceder a médio prazo para o centro da meta definida pelo governo de 4,5%.

Em um depoimento esvaziado pelas eleições municipais, Tombini exaltou os "sólidos fundamentos" macroeconômicos do país e também como o Brasil tem transitado num quadro internacional, classificado por ele como complexo. O presidente do BC destacou ainda que, em função da menor confiança do empresário e do consumidor, os estímulos dados pelo governo desde o ano passado demoraram mais que o normal para aparecer na economia. "Naturalmente, vivemos em um mundo de grande volatilidade, mas estamos crescendo. A política monetária funciona. Em função do momento da economia, todos ficaram mais cautelosos", argumentou. "Isso não tirou a eficácia (das medidas), os efeitos virão", garantiu.

Tombini destacou também que os consumidores não devem se espantar com a recente alta dos preços, pois os reajustes atuais, como os das carnes, dos grãos e dos produtos in natura, serão passageiros. Ou seja, na visão dele, o custo de vida se manterá dentro do tolerável. Ele observou que problemas climáticos nos Estados Unidos prejudicaram gravemente a produção de grãos, que servem de alimentos para o gado, frangos e suínos, e isso se transformou em inflação no Brasil.

"Esse choque de oferta de 2012 é localizado em duas ou três commodities agrícolas. Na nossa avaliação e de outros BCs, esse problema terá amplitude mais curta que a observada em 2010 e 2011", disse o presidente do BC. "A boa notícia é que os in natura oscilam muito, os preços vão e vêm. Por isso, não devem ser motivo de grande preocupação", ponderou. Ele lembrou que a redução da conta de luz a partir de janeiro, anunciada pela presidente Dilma, ajudará a amenizar o orçamento das famílias.

» Peso da energia

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que fará um cálculo "minucioso" do impacto do pacote da energia no custo de vida do brasileiro. Ele deve medir, além do desconto para os consumidores, o peso da desoneração sobre as contas das empresas. O número será anunciado junto com o próximo relatório trimestral de inflação, no fim de setembro.