Valor econômico, v.19, n.4657, 27/12/2018. Política, p. A6

 

Diretor da PF irá atuar no TSE contra 'fake news' 

Isadora Peron 

27/12/2018

 

 

Rogério Galloro está de malas prontas para deixar o comando da Polícia Federal (PF) e assumir, em 2 de janeiro, uma vaga no gabinete da presidência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como assessor especial da ministra Rosa Weber, terá a missão de elaborar um plano mais efetivo de combate às fake news.

A avaliação, até de ministros do TSE, é que a Justiça Eleitoral não conseguiu controlar a enxurrada de notícias falsas nesta eleição e que vai ter que pensar em uma nova estratégia para o futuro.

Galloro admite as dificuldades enfrentadas na campanha deste ano para dar uma resposta mais contundente para a disseminação de notícias falsas e diz que vai trabalhar para que a Justiça Eleitoral esteja melhor preparada para enfrentar o tema em 2020, quando haverá eleição municipal."É importante que nós consolidemos esse aprendizado para que essa experiência fique para a próxima eleição. Temos dois anos para nos preparar para essa nova realidade", disse o atual diretor-geral da PF.

Segundo ele, as eleições municipais costumam ser ainda "mais tensas" do que a eleição para presidente. "A eleição municipal é mais perigosa, ela envolve de fato a vida dos cidadãos, tem muito prefeito que é assassinado, a eleição municipal é muito mais complicada", afirmou.

Galloro conta ainda que o combate às fake news o aproximou de Rosa e que, por isso, decidiu aceitar o convite para atuar como assessor especial do tribunal. Além da Justiça Eleitoral e do sistema das urnas eletrônicas virarem alvo de notícias falsas, a própria presidente do TSE também sofreu ameaças nas redes sociais.

"As fake news acabaram nos aproximando. Nós tínhamos que investigar muito rápido, dar uma resposta muito rápida, montamos uma equipe especialista nisso. Quando saía uma fake news, a gente já ia atrás, então resolvia isso em três, quatro dias", afirmou Galloro.

De acordo com o diretor da PF, todas as ameaças feitas nas redes sociais a Rosa e outras autoridades, como o presidente eleito Jair Bolsonaro, estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Ele lembra do caso do coronel da reserva Carlos Alves, divulgou um vídeo nas redes sociais com ameaças ao TSE e chegou a usar tornozeleira eletrônica. Este mês, a PF também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de um jovem que ameaçou Bolsonaro durante a campanha.

"Estamos fazendo uma investigação bastante discreta, mas nós não desconsideramos nada, pode ser um xingamento bobo, uma ameaça. A gente vai lá investiga, quebra o sigilo, tudo com determinação judicial, faz busca, intima a pessoa", disse.

Galloro será substituído no comando da Polícia Federal pelo delegado Maurício Valeixo. Os dois são do mesmo grupo da corporação e atuaram juntos na Operação Lava-Jato. Valeixo, que atualmente é superintendente da PF no Paraná, foi uma escolha pessoal do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.