Título: Condenação mundial
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 13/09/2012, Mundo, p. 17

O governo brasileiro se somou ontem ao coro de condenações aos ataques contra as representações diplomáticas e consulares americanas no Cairo e em Benghazi. Segundo nota do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Brasil tomou conhecimento das ações "com consternação". A Organização das Nações Unidas também repudiou os atos "nos termos mais fortes" e o secretário-geral, Ban Ki-moon, disse estar "profundamente triste" com o ocorrido. O Vaticano, da sua parte, lamentou as consequências "trágicas" de um filme ao qual classificou como "ofensivo" aos muçulmanos.

"O Brasil repudia veementemente os ataques e recorda a obrigação de todos os países de observarem o princípio da inviolabilidade das representações diplomáticas e consulares, como determinado pelas Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e sobre Relações Consulares, de 1961 e 1963", afirma o comunicado do MRE. Consultado pelo Correio, o Itamaraty informou que os incidentes não tiveram nenhum efeito ou consequência para a embaixada brasileira, localizada em Trípoli.

Os atentados foram denunciados também pelos aliados europeus dos EUA, como França e Reino Unido, que lideraram a missão militar contra o regime de Muammar Kadafi, em 2011. "A França pede às autoridades líbias que esclareçam esses crimes odiosos e inaceitáveis, identifiquem os responsáveis e os levem à Justiça", declarou o presidente François Hollande. Em visita ao Cairo, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, disse que "esses diplomatas não servem apenas ao próprio país, os EUA, mas também ao povo líbio. Eles trabalharam pela paz e pela estabilidade na Líbia".

A ONU criticou as ações de violência e rejeitou "a difamação da religião em todas as formas". O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, observou, porém, que "nada justifica a violência brutal que ocorreu em Benghazi". O Vaticano, por sua vez, repreendeu o que chamou de "ofensas injustificáveis" do filme ao islã e lamentou seus "resultados trágicos". "O respeito profundo por crenças, textos, grandes personagens e símbolos das diversas religiões é condição essencial para a coexistência pacífica entre os povos", afirmou o porta-voz Francisco Lombardi.

Jovem cristã teme ser assassinada A jovem cristã paquistanesa acusada de ter profanado o Corão, Rimsha Masih, disse que tem medo de ser assassinada por extremistas, em uma entrevista à rede de tevê CNN. "Tenho medo de que nos matem", disse Rimsha Mashi, poucos dias depois de ter sido liberada sob fiança e à espera do julgamento em Rawalpindi, perto de Islamabad. Rimsha Mashi, uma jovem analfabeta de 14 anos, foi detida em meados de agosto depois de ser acusada de ter queimado papéis com versículos do livro sagrado do islã, um crime passível de prisão perpétua no Paquistão. O caso sofreu uma reviravolta no último fim de semana, quando a polícia prendeu o imã da mesquita próxima à residência da jovem cristã e o acusou de ter introduzido as páginas do Corão nas folhas queimadas entregues por um vizinho, com o objetivo de "expulsar" os cristãos do bairro.