Valor econômico, v.19, n.4650, 14/12/2018. Empresas, p. B2

 

Marinha lança primeiro submarino do Prosub e crê em salto tecnológico 

Fernanda Pires 

14/12/2018

 

 

A Marinha do Brasil lança ao mar hoje o "Riachuelo", primeiro de uma família de quatro submarinos convencionais do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) com previsão de entrega até 2022, de forma escalonada. A cerimônia ocorrerá em Itaguaí (RJ), onde a embarcação foi construída. A primeira-dama Marcela Temer foi convidada para ser a madrinha do "Riachuelo".

O "Riachuelo" é o sexto submarino convencional da Marinha, cuja frota atual é formada pelo "Tupi", "Tamoio", "Timbira", "Tapajó" e "Tikuna".

Concebido por meio de uma parceria estratégica firmada entre o Brasil e a França em 2008, o Prosub foi iniciado em 2013. Restrições orçamentárias do programa, a partir de 2015, exigiram ajustes no cronograma das obras e dos lançamentos dos submarinos, além de fatores técnicos.

O "pacote" contempla ainda a construção de um quinto submarino - esse de propulsão nuclear - e da infraestrutura associada, como estaleiros, base naval e instalações complementares. O orçamento total do programa é de aproximadamente R$ 35,5 bilhões, em valores já atualizados.

Como prioriza a compra de componentes fabricados no Brasil, o Prosub é um incentivo à base industrial de defesa, que engloba as áreas de eletrônica, mecânica, eletromecânica, química e a indústria naval.

A embarcação foi feita por uma joint venture criada pela Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) e a francesa Naval Group. "É a nossa principal obra no país e abre novas oportunidades para OEC na área de defesa", afirmou o presidente da construtora do grupo Odebrecht, Fábio Januário.

O "Riachuelo" ficará aproximadamente dois anos em testes na água, quando será finalmente incorporado à Força de Submarinos, subordinada ao Comando-em-Chefe da Esquadra brasileira.

O novo submarino será empregado no monitoramento, vigilância, segurança e defesa das áreas jurisdicionais brasileiras - a chamada Amazônia Azul. Trata-se de uma área de 4,5 milhões de quilômetros "de incalculáveis bens naturais, concentração do pré-sal, biodiversidade e também vulnerabilidade", informou o assessor de Relações Institucionais e Comunicação da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, contra-almirante José Roberto Bueno Júnior.

Os submarinos, principalmente o com propulsão nuclear, estabelecem uma nova dimensão ao poder naval do país.

Os da classe convencional (denominados S-BR) possuem tecnologia francesa de construção oriunda do projeto "Scorpène", com 72 metros de extensão e 2 mil toneladas de capacidade de deslocamento. Há ainda a transferência de tecnologia, que garantirá ao Brasil o conhecimento para projetar, construir, operar e manter essas embarcações.

Último do pacote, o de propulsão nuclear (SN-BR) teve o projeto básico concluído em janeiro de 2017. As próximas fases são o detalhamento de projeto e a construção propriamente, com previsão para o fim de 2029. O que dependerá, porém, "dos desafios tecnológicos a serem enfrentados e recursos orçamentários a serem provisionados", disse o contra-almirante.