Correio braziliense, n. 20433, 01/05/2019. Política, p. 4

 

Centrais Sindicais prometem greve

01/05/2019

 

 

Dia do trabalho/ Ato deve anunciar paralisação nacional para o dia 14 de junho. Foco das reivindicações neste ano é a reforma da Previdência

A reforma da Previdência será o tema principal dos atos programados pelas centrais sindicais neste 1º de Maio, que prometem parar o país se a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 6/2019) do governo, que começa a tramitar na Comissão Especial da Câmara, for aprovada pelo Congresso. Hoje, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical se unem pela primeira vez nos feriados dos trabalhadores, além de outras entidades ligadas à classe trabalhadora.

O ato político começa às 10 horas e vai incluir o anúncio, a ser feito às 13 horas, no Vale do Anhangabaú, tradicional cenário dos atos do 1º de Maio em São Paulo, sobre uma greve geral programada para o dia 14 de junho. O tema da celebração deste ano será “Em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – Contra o Fim da Aposentadoria”.

Ontem, em coletiva de imprensa, o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, disse que as centrais se uniram para tentar barrar a reforma da Previdência que, segundo ele, “acaba com a aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras e porque o Brasil vive um momento grave”, segundo afirmou. “Nunca vivemos uma situação como esta de ver um sistema de Previdência sendo desmontado, como quer o governo. É um retrocesso civilizatório que está acontecendo no Brasil”, afirmou.

Reivindicações
Entre as críticas das centrais sindicais com relação ao texto do governo, estão o aumento da idade mínima e do período de contribuição para solicitar a aposentadorias, mudanças no Benefício de Prestação Continuada e na aposentadoria rural e a introdução do sistema de capitalização.

Durante o ato, a CUT vai disponibilizar computadores para que a população possa utilizar o “aposentômetro”, uma calculadora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para simular quanto tempo precisará trabalhar com as regras atuais e com as medidas propostas, para poder se aposentar.

Além da CUT e da Central Sindical,participam do ato a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Intersindical, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e a Central Sindical e Popular Conlutas.

Estão previstos atos em todos os estados. Em Brasília, a concentração dos trabalhadores está marcada para as 13 horas, no Taguaparque, com apresentações culturais de Vanessa da Mata, Odair José, Israel e Rodolffo, entre outras atrações locais. Além do 1º de Maio, também serão celebrados os 40 anos do Sindicato dos Professores de Brasília (Sinpro-DF).

História

A data é celebrada pelos trabalhadores desde 1890 e simboliza a luta da classe operária na garantia de direitos e para reivindicar melhorias. O dia sem trabalho como protesto começou a ser programado por anarquistas franceses, mas a escolha da data ocorreu na Segunda Internacional Socialista, em Paris, em julho de 1889. A data também faz referência a um outro evento ocorrido em 1° de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando um confronto entre trabalhadores e a polícia acabou com 15 pessoas mortas, além de vários manifestantes presos e enforcados. Nas manifestações, os trabalhadores reivindicavam redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas diárias, melhores salários, férias e direito a um descanso semanal remunerado. A partir desses acontecimentos, a data se transformou em referência da luta da classe operária.

“Nunca vivemos uma situação como esta de ver um sistema de Previdência sendo desmontado, como quer o governo. É um retrocesso civilizatórios que está acontecendo no Brasil”,

Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT