Título: Obama pede resistência
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Fonte: Correio Braziliense, 15/09/2012, Mundo, p. 22

De olho na reta final da campanha à reeleição e no impacto das cenas dos últimos dias, com multidões atacando representações e símbolos nacionais dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama dirigiu-se ontem aos americanos para assegurar que o país "não vai se retirar" da posição central que ocupa no mundo. "Permaneceremos firmes diante da violência contra as nossas embaixadas", prometeu o presidente na base militar de Andrews, ao receber os corpos do embaixador americano na Líbia e de três outros funcionários mortos na última terça-feira. "O sacrifício deles não será esquecido. Levaremos à Justiça aqueles que os tiraram de nós."

O presidente estava em companhia do vice, Joe Biden, e dos secretários de Defesa, Leon Panetta, e de Estado, Hillary Clinton. Além do embaixador Christopher Stevens, foram mortos no ataque ao consulado em Benghazi dois ex-integrantes da força Seal (unidade de elite da Marinha) e um especialista em tecnologia do Departamento de Estado. Os quatro caixões foram desembarcados de um avião militar, cobertos com a bandeira americana.

Mais contundente que o próprio Obama, Hillary reiterou a reprovação do governo ao teor anti-islâmico de "um filme horrível da internet, com o qual não temos nada a ver", mas em seguida chamou à responsabilidade os novos governos instalados que a Primavera Árabe levou ao poder em países que hoje são foco da violência antiamericana. "O povo do Egito, da Líbia, do Iêmen e da Tunísia não trocou a tirania de um ditador pela tirania das massas. As pessoas e os líderes responsáveis nesses países precisam fazer tudo o que puderem para restabelecer a segurança e punir os que estão por trás desses atos", afirmou a secretária. Depois de alertar os americanos para "mais dias difíceis pela frente", ela reforçou a mensagem de Obama: "Não percamos de vista o dado fundamental de que os EUA precisam continuar liderando o mundo".

Romney Muito criticado por sua reação inicial aos incidentes no Oriente Médio, em que classificou como "vergonhosa" a reprovação do governo aos autores do filme que motivou os distúrbios, o candidato da oposição republicana à Casa Branca, Mitt Romney, abrandou o tom. Em entrevista à tevê ABC, Romney reconheceu que foi "uma ideia terrível" difundir uma obra "desrespeitosa para com as pessoas que professam outras fés". Assim como Hillary Clinton, porém, o desafiante de Obama ressaltou que "a Constituição dos EUA garante a liberdade de expressão". Preocupado com os efeitos eleitorais da crise, o candidato republicano aproveitou ainda para insinuar que teria uma postura mais firme em relação ao Egito, que recebe dos EUA uma ajuda anual de US$ 1,3 bilhão. "Deveríamos deixar bem claro que, para manter uma relação, uma amizade, o apoio financeiro, (...) os egípcios devem proteger a nossa embaixada e as dos demais países."