Valor econômico, v.19, n.4663, 08/01/2019. Brasil, p. A3

 

MG recontrata funcionários exonerados 

Marcos de Moura e Souza 

08/01/2019

 

 

O governo de Minas Gerais recontratou desde sexta-feira 80 funcionários da administração pública que haviam sido exonerados nos últimos dias e deve trazer de volta mais servidores a seus cargos.

Ao todo, de acordo com a assessoria do atual governador, Romeu Zema (Novo), 6 mil funcionários tinham sido demitidos nos últimos dias, sendo que 4 mil cortes haviam ocorridos nos últimos dias da gestão do então governador Fernando Pimentel (PT). Zema, ao assumir no dia 1º, dispensou mais 2 mil.

Reduzir o número de funcionários não concursados, indicados por critérios políticos, foi uma das promessas de Zema durante a campanha ao governo de Minas. Na época da campanha, ele disse que sua intenção era cortar 80% desse contingente.

As exonerações determinadas por Pimentel no fim do mês passado foram feitas sob a alegação de que atenderiam ao plano do novo governador.

Mas a saída repentina de um número tão expressivo de funcionários provocou dificuldades no funcionamento de rotinas da máquina pública.

Na semana passada, secretários de Zema levantaram nomes que estavam em postos de comando de suas áreas para que fossem recontratados, como forma de não comprometer o dia a dia da administração.

Segundo a assessoria do governador, mais recontratações devem ser feitas nos próximos dias e muitas delas têm caráter temporário.

No domingo, o governo mineiro publicou uma edição extraordinária do "Diário Oficial do Estado", com exonerações e nomeações - incluindo nessa lista pessoas que haviam sido demitidas recentemente - na área da saúde.

"Esses atos fazem parte da análise, absolutamente técnica, sem qualquer viés político-partidário, que o governo Romeu Zema faz da administração do Estado", afirmou ontem por meio de nota a atual administração.

Para Érico Colen, diretor-executivo do Sind-Saúde, o sindicato que representa os servidores de saúde em Minas, é natural que todo novo governo tenha autonomia para recompor parte do quadro de funcionários. "Mas isso não é justificativa para demissões em massa, que tirem do quadro toda a inteligência do Estado", afirmou o dirigente. "Mudanças muitos bruscas paralisam a máquina pública."

Colen disse ver como positiva a decisão de Zema de recontratar ao menos uma parcela do pessoal que tinha exonerado.

Outro tema que preocupa servidores mineiros é a indefinição em relação a pagamento do 13º salário. Os depósitos deveriam ter sido feitos pela gestão Pimentel, que acabou transferindo a conta para Zema, afirmando que não tinha caixa para honrar os pagamentos. Minas passa por uma série crise fiscal, que vem se arrastando nos últimos anos, com atraso no pagamento aos servidores e cortes ou retenção nos repasses aos municípios.

Zema afirmou na semana passada que não deverá pagar "tão cedo" o salário em atraso.

"A questão do 13º salário dos servidores de Minas está sendo tratada como se fosse uma gratificação natalina. Mas é salário e é uma obrigação do Estado pagar", diz Colen, do Sind-Saúde.