Título: Agora, Mantega fala em PIB de apenas 2%
Autor: Bancillon , Deco
Fonte: Correio Braziliense, 14/09/2012, Economia, p. 10

Depois de muitas negativas, de gritaria contra o pessimismo do mercado financeiro, ao tachar como "piada" a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% feita pelo Banco Credit Suisse, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve de se render aos fatos. Ontem, ao anunciar mais um pacote do governo para tentar garantir crescimento de pelo menos 4% em 2013, ele finalmente avisou: o avanço do PIB neste ano ficará em 2% - ainda uma estimativa com toque de otimismo. Nem a forte queda da taxa básica de juros (Selic), de 12,50% para 7,50% ao ano, nem a montanha de estímulos dados pela presidente Dilma Rousseff foram suficientes para animar a produção e o consumo. O ministro começou o ano com o discurso pronto: "Se a economia internacional se comportar adequadamente, não tiver grandes surpresas, se recuperar, inclusive, nós podemos tentar buscar 5%. Se a economia internacional se agravar - isso sempre tem de estar no horizonte, afinal de contas eles não resolveram os problemas -, então nós podemos ter 4%; 4% é o mínimo; 5% é o padrão, teto; portanto, 4,5% é o centro". Mesmo com todas as notícias ruins e todos os indicadores mostrando a fragilidade da economia brasileira, que havia crescido apenas 2,7% em 2011, ele insistiu como otimismo.

Respostas

Em julho, já com um quadro claro da atividade, ele ainda proclamou: "Estou olhando para o segundo semestre, o primeiro foi fraco e no segundo semestre podemos crescer 3,5% a 4%. É claro que depende da atitude de todos". Não só não convenceu, como seu discurso passou a ser visto com descaso pelos investidores e pelo empresariado. Novas medidas de estímulos vieram; sem qualquer resposta da produção. Restou à Fazenda, derrubar a sua estimativa de crescimento para o PIB a 3% por meio de um documento que, em questão de minutos, foi negado pelos assessores do ministro. O fato é que, com mais R$ 13 bilhões em desonerações sobre a folha de salários de 25 setores da economia, Mantega cortará um dobrado para convencer que realmente o Brasil deixou o pior da crise para trás e não será motivo real de piada. A presidente Dilma está lhe cobrando resultados, pois sabe que, depois de dois anos de resultados pífios, a economia terá de crescer com vigor, para que a sensação de bem-estar se consolide às vésperas da campanha presidencial de 2014.