Valor econômico, v.19, n.4676, 25/01/2019. Brasil, p. A3

 

Expectativa de inflação é a menor desde 2007

Alessandra Saraiva 

25/01/2019

 

 

A expectativa mediana dos consumidores brasileiros para inflação nos 12 meses seguintes recuou 0,4 ponto percentual entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, para 5,0%, a menor desde agosto de 2007 (4,9%), informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve redução de 0,4 ponto percentual.

Na prática, as expectativas de inflação do consumidor estão se aproximando das estimativas de mercado, segundo Viviane Seda, economista da fundação. A especialista não descarta que a projeção possa se reduzir ainda mais e passar para a faixa de 4% ao longo deste ano.

Viviane observou que, no mais recente boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta semana, a projeção de mercado para o IPCA de 2019 foi de 4,01%. No passado, o indicador da FGV, que mensura sentimento inflacionário do consumidor, chegou a atingir o dobro das projeções de mercado, lembrou ela. Em fevereiro de 2016, a mediana de inflação do consumidor chegou a atingir 11,4% para 12 meses.

Em janeiro, a percepção de inflação mais baixa tem se concentrado entre as famílias mais abastadas. Ao se buscar a mediana de expectativa inflacionária, em cada uma das quatro faixas de renda pesquisadas pela fundação, a menor taxa é registrada nas famílias com renda mensal acima de R$ 9,6 mil. Nessa faixa, a FGV apurou mediana de inflação de 4,1% em 12 meses. A especialista lembrou que o consumidor com renda mais elevada, normalmente, tem maior leitura de noticiário econômico - que mostrou, recentemente, quedas contínuas na inflação.

Viviane comentou que, além do noticiário econômico mostrando taxas mais reduzidas do IPCA, há uma percepção entre os consumidores de inflação mais comportada. "Há estabilidade em política monetária e maior percepção dos consumidores em relação aos preços, de que eles estão dentro da meta, controlados", afirmou. "Realmente estamos em uma nova era, em que as expectativas inflacionárias estão dentro uma margem parecida com a do Banco Central."

Na análise por intervalos de inflação prevista, a parcela dos consumidores que projetaram valores dentro dos limites de tolerância (2,75% a 5,75%) da meta de inflação de 4,25%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional para o ano de 2019, cresceu, ao passar de 53,4% do total, em dezembro, para 61,4% em janeiro, o maior percentual nos últimos seis meses.

No mesmo período, a proporção de consumidores projetando valores abaixo do limite inferior (2,75%) caiu 0,9 ponto percentual, para 3,5%. Já a parcela dos que esperam uma inflação acima do limite superior (5,75%) diminuiu de 42,2% para 35,1%, a menor proporção nos últimos seis meses.