Título: Impulso pelo consumo
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Fonte: Correio Braziliense, 14/09/2012, Economia, p. 10
As vendas no varejo no p ais subiram acima do esperado em julho, mostrando que o setor continua a ser o principal motor da economia brasileira, impulsionado pela queda da taxa de juros em um mercado de trabalho estável, segundo informações divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento foi de 1,4% em julho em relação ao mês anterior e de 7,1% em relação a igual mês de 2011. É o segundo resultado positivo seguido. "Isso evidencia que o mercado de trabalho continua a dar suporte ao consumo, que por sua vez se mostra como o motor da economia", avaliou o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.
Prova disso é o orçamento doméstico da secretária administrativa brasiliense Letícia de Souza Fernandes, 37 anos. O aumento de 15% na renda nos últimos dois meses e os juros baixos permitiram que ela pudesse renovar o guarda roupas da família. A filha Luiza, 5, comemora. "Estou feliz porque vou ganhar um tênis rosa", contou. A empresária Patrícia Lopes, 27 anos, optou pela troca dos aparelhos eletrônicos. Por R$ 2,1 mil, ela levou para casa ontem uma TV LCD de 42 polegadas e uma máquina de lavar de 8kg. "Aproveitei as promoções", contou. Ex-assistente administrativo, Patrícia tem hoje uma loja de brinquedos.
O resultado divulgado pelo, IBGE ficou acima da expectativa do mercado, que apontava para alta de 1% em julho em relação ao mais anterior. "Com certeza, o comércio está operando num ritmo mais forte que outros setores da economia", disse o economista do IBGE Reinaldo Pereira.
O avanço nas vendas também evidencia a perspectiva de retomada da atividade econômica a partir do terceiro trimestre, junto com uma esperada recuperação no setor industrial, e reforça a expectativa de que o ciclo de queda da taxa de juros esteja chegando ao fim.
O mercado ainda está, porém, dividido sobre os próximos passos do Banco Central (BC), que reduziu a Selic para 7,5% em agosto, e indicou que se houver espaço para nova redução. "Apesar de esse ser um bom dado, o que o BC está olhando é a produção industrial. O que vai fazer é o que chamou de máxima parcimônia. Pode fazer um corte de 0,25 ponto ou parar por definitivo", disse o economista Rafael Leão, da Austin Rating.