Correio braziliense, n. 20441, 09/05/2019. Economia, p. 7

 

BC mantém juro em 6,5%

Rosana Hessel

09/05/2019

 

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic (taxa básica de juros) em 6,5% ao ano ontem pela nona reunião consecutiva. A decisão foi unânime entre os integrantes do colegiado e veio em linha com a expectativa do mercado.

O comunicado do BC deu sinais de que vai ser muito difícil iniciar um novo ciclo de corte nos juros ainda este ano, apesar de a atividade econômica estar muito fraca, de acordo com analistas. “O Copom deixou claro que uma redução da Selic dependerá muito da aprovação da reforma da Previdência e, pelo nosso cenário básico, considerando as perspectivas do governo, que são otimistas, isso só acontecerá entre o terceiro e o quarto trimestres”, explicou Patricia Pereira, especialista da Mongeral Aegon Investimentos.

Na avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o Banco Central não conseguirá reduzir a Selic neste ano.“O segundo semestre embute alguns riscos importantes na inflação de alimentos que tendem a manter a inflação próxima de 4%. Não vejo queda de juros este ano com uma inflação que ainda se mantém relativamente elevada para uma economia ainda tão fraca. Vejo também manutenção em 6,5% no ano que vem com vistas a uma meta de inflação menor dos próximos anos e um crescimento que tende a voltar em 2020”, afirmou.

Retomada gradual

Os diretores do BC destacaram, no documento divulgado ontem, que a atividade econômica continua fraca e que o cenário considera um processo de retomada “gradual” neste ano, com um cenário externo ainda “desafiador”, com riscos de desaceleração global. “O Copom considera que esta avaliação (de mudança nos juros) demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo.”

Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, mesmo se os juros fossem reduzidos, o impacto na economia seria muito pequeno. “Não existe demanda, portanto, o efeito de uma Selic menor será nulo e, em meio ao aumento dos riscos externos que poderia elevar os juros dos países desenvolvidos, não faria sentido reduzir agora”, disse.