Correio braziliense, n. 20447, 15/05/2019. Política, p. 4

 

Robalinho é candidato à PGR

Leonardo Cavalcanti

Luiz Calcagno

15/05/2019

 

 

Poder » Ex-presidente da ANPR anuncia hoje intenção de concorrer à indicação para a lista tríplice que será levada ao presidente da República

Afastado do comando da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) desde a semana passada, José Robalinho Cavalcanti anunciará hoje a candidatura na eleição pela chefia do Ministério Público. Ele será, assim, o décimo candidato ao cargo na disputa interna pela lista tríplice que será submetida ao presidente Jair Bolsonaro a partir de 18 de junho, logo depois da votação dos integrantes da categoria. O mandato de Raquel Dodge termina no próximo mês de setembro, quando ocorrerá oficialmente a troca de cadeiras.

Depois de dois mandatos à frente da ANPR ao longo de quatro anos, Robalinho é considerado um dos favoritos a entrar na lista tríplice. Em entrevista ao Correio na semana passada, ele disse que, “candidato ou não, faria campanha”. A dúvida é se Bolsonaro vai considerar a lista ou simplesmente ignorá-la. “Ele (Bolsonaro) nunca disse que ignoraria a lista, ao contrário. Ele disse que a receberia.”

O prazo final para as inscrições termina hoje, às 18h. Até o momento, além de Robalinho, os candidatos são: Lauro Cardoso, Blal Dalloul, José Bonifácio de Andrada, Luiza Frischeisen, Mário Bonsaglia, Nívio de Freitas, Paulo Eduardo Bueno e Antonio Carlos Fonseca Silva e Vladimir Aras, que confirmou ontem a inscrição. Há a expectativa de mais um nome.

A primeira consulta eletiva para a chefia do MPU ocorreu em 2001, mas não foi levada em conta para a escolha pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Foi após a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva que a lista tríplice passou a ser considerada para a indicação do procurador. O então presidente Michel Temer nomeou Dodge, que estava na lista, mas não era a mais votada. Já o presidente Jair Bolsonaro não se comprometeu a respeitar o resultado da consulta.

A expectativa no Palácio do Planalto é de que Bolsonaro apenas siga a lista no caso de um dos mais votados pela categoria não seja um nome ligado a pautas de esquerda, um conceito difícil de ser entendido até mesmo para os governistas. Sem obrigação de seguir a lista indicada pelos procuradores, o presidente pode escolher qualquer integrante da carreira com mais de 35 anos. Com o fim dos prazos para as inscrições dos candidatos, a campanha interna será feita ao longo de 30 dias.

Frase

“Ele (Bolsonaro) nunca disse que ignoraria a lista, ao contrário. Ele disse que a receberia”

José Robalinho Cavalcanti, procurador da República