Título: Bancários param hoje em todo o país
Autor: Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 18/09/2012, Economia, p. 10

Os bancários entram hoje em greve por tempo indeterminado em todo o país. Representantes de funcionários de160 instituições financeiras, incluindo as seis maiores do país, decidiram cruzar os braços após rejeição por unanimidade da proposta de aumento salarial de 6% apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na última quarta-feira. A categoria, que reúne trabalhadores da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, HSBC, Itaú-Unibanco, Santander e Bradesco, entre outros, pleiteia reajuste salarial de 10,25%.

Quem precisar recorrer aos serviços bancários nos próximos dias terá de ter paciência e atenção para não perder os prazos de vencimento das contas. Uma alternativa é utilizar pontos alternativos (leia quadro ao lado), como casas lotéricas, caixas eletrônicos, redes comerciais credenciadas ou a internet, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entidade que representa os bancos do ponto de vista institucional.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf ), Carlos Cordeiro, destacou que a proposta dos patrões está muito aquém do esperado pelos 130 sindicatos associados à entidade. "Por mais um ano tivemos de recorrer à paralisação das atividades, pois não tivemos avanço nas negociações", disse. A pauta de reivindicações dos trabalhadores inclui a exigência de melhores condições de trabalho, o que, segundo a Contraf, poderá permitir a redução da rotatividade de profissionais.

Devedores duvidosos Os sindicalistas queixam-se também de que os bancos decidiram lançar R$ 39,15 bilhões em provisões para devedores duvidosos (PDD) durante os primeiros seis meses deste ano. O valor, bem superior ao do mesmo período no ano passado, reduziu o lucro dos seis maiores bancos, que fechou o semestre em R$ 25,2 bilhões — valor ainda assim superior ao do mesmo período de 2011. Essa medida é necessária segundo as instituições financeiras para garantir solidez. Os trabalhadores se queixam, porém, da queda na participação nos lucros e resultados (PLR).

Segundo o diretor da Contraf Ademir Wiederkehr, o aumento do provisionamento foi excessivo. Ele questiona o peso do crescimento da inadimplência de clientes, um dos argumentos utilizados pelos bancos para a precaução. "A inadimplência cresceu apenas 0,7 ponto percentual no semestre em relação ao mesmo período do ano passado. O que eles (bancos) fizeram foi um truque contábil, que prejudica os trabalhadores e acionistas", atacou. A Contraf reclama também da forma como a PLR é calculada, por ser excessivamente complexa e sem padrão entre instituições. Os bancários exigem uma regra única, estipulada nas assembleias: três salários mais R$ 4.961 fixos por ano.

Wiederkehr critica o fato de a proposta de reajuste apresentada pela Fenaban compensar apenas a perda inflacionária do período. Ele disse também que o Comando Nacional de Greve pretende garantir que o piso salarial passe a ser R$ 2.416."O trabalho realizado pelos funcionários gera bilhões de reais para as instituições financeiras. Nós ficamos com as menores parcelas disso", afirmou.

Os consumidores devem ficar atentos quanto aos locais para realização de operações bancárias a fim de não pagar multas e juros pela falta de atendimento nas agências durante a greve.