Valor econômico, v. 20 , n. 4784, 03/07/2019. Política, p. A12

 

Corregedor do Senado arquiva investigação sobre eleição na Casa

 

 

 

Vandson Lima

Renan Truffi

03/07/2019

 

 

 

Corregedor do Senado, Roberto Rocha (MDB-MA) decidiu arquivar, sem apontar culpados, a investigação interna da tentativa de fraude na eleição para a presidência da Casa, no dia 2 de fevereiro.

Mesmo após análise de material fotográfico e de vídeo tanto dos meios de comunicação do Senado quanto de veículos de imprensa que acompanharam a sessão, o corregedor concluiu que não era possível identificar se algum senador ou servidor tentou burlar o pleito, inserindo um voto a mais na urna - na primeira apuração, foram encontrados 82 votos para 81 senadores.

"Da análise das imagens juntadas não foi possível concluir, de forma categórica, o momento em que se deu a suposta fraude objeto desta sindicância, tampouco individualizar a pessoa que teria praticado o respectivo ato", apontou Rocha.

Possíveis desconfianças sobre os parlamentares apareceram, escreveu Rocha, mas não se converteram em elemento suficiente para denúncia. "Muito embora as imagens pudessem sugerir com mais ênfase a participação de algum senador, penso que a gravidade da pena, que poderia chegar até à cassação do mandato, nos impõe a exigência de mais do que uma leve ou forte suspeita, mas de uma certeza plena da ocorrência do dolo", apontou, sem esclarecer quem seria o possível suspeito. "As imagens são inconclusivas para determinar, com certeza além da dúvida razoável, a autoria e o 'animus' do gesto", concluiu.

Caso houvesse apontamento do autor, o caso seria levado ao Conselho de Ética e poderia se converter em cassação do mandato do senador que tentou fraudar a eleição. O despacho foi assinado em 19 de junho, cinco dias antes do fim do mandato de corregedor de Rocha. Cabe recurso ao Conselho de Ética do Senado, ainda não instalado nesta legislatura. Caso isto não ocorra, a investigação é arquivada.