Valor econômico, v. 20 , n. 4766 , 06/06/2019. Política, p. A10
Moro tem o celular invadido e é obrigado a trocar de número
Isadora Peron
06/06/2019
O celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foi invadido por um hacker na terça-feira. Após perceber o ocorrido, o ex-juiz da Lava-Jato decidiu cancelar a linha e pedir para que a Polícia Federal (PF) investigasse o caso.
Este é o segundo caso de clonagem de celular de integrantes do alto escalão do governo Jair Bolsonaro. Recentemente, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, também relatou que teve problemas com o WhatsApp.
Moro percebeu a invasão depois de receber uma ligação do próprio número, o que considerou estranho. Em seguida, foi avisado de que o hacker havia enviado algumas mensagens por Telegram - o ministro não usava esse aplicativo há pelo menos dois anos. Imediatamente, Moro decidiu abandonar o número, que ainda tinha o prefixo 41 de Curitiba, e acionar a PF.
Em nota, a assessoria do ministro confirmou a invasão. "Informamos que ontem [segunda-feira] houve tentativa de invasão do telefone celular do Ministro da Justiça e Segurança Pública, linha 41 99944-4140. Diante da possibilidade de clonagem do número, a referida linha foi abandonada", diz o texto enviado.
Segundo a pasta, "a investigação para apuração dos fatos já está em andamento".
No ano passado, ministros do governo Michel Temer também tiveram esse problema, como Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social). Na ocasião, mensagens foram enviadas aos contatos deles pedindo depósitos bancários.
Em abril, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot também afirmou que um hacker invadiu o seu celular e acessou suas contas nas redes sociais.
Essa série de invasões demonstra a fragilidade de diferentes autoridades públicas diante de ataques cibernéticos.
O próprio presidente Jair Bolsonaro é um usuário assíduo do WhatsApp e de diversas redes sociais, como o Twitter. Ele costuma usar um celular comum para se comunicar, deixando de lado o telefone criptografado fornecido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A segurança no mundo virtual do presidente e do alto escalão do governo tem sido uma das preocupações do Gabinete de Segurança Institucional