O globo, n. 31314, 02/05/2019. País, p. 5

 

Eduardo Bolsonaro assume PSL em São Paulo

Thiago Herdy

02/05/2019

 

 

Filho do presidente vai comandar a escolha de candidatos ‘com bandeiras conservadoras e liberais na economia’ para as eleições municipais. Ele substitui o senador Major Olímpio, que tem feito críticas ao governo federal

Com vistas a organizar o partido para as eleições municipais do ano que vem no maior estado do país, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anunciou ontem que assumirá o comando do PSL em São Paulo, em substituição ao senador Major Olímpio (PSL-SP), que renunciou ao cargo. O filho do presidente Jair Bolsonaro diz pretender escolher quadros identificados “com as bandeiras conservadoras e de economia liberal” para concorrer nas disputas municipais.

“Aqueles que se destacam no trabalho com as bases merecem a chance de disputar as eleições. Não há outro interesse nesta empreitada”, escreveu o filho do presidente, citando o deputado estadual e líder do PSL na assembleia paulista, Gil Diniz (PSL-SP), como principal auxiliar na missão de organizar o partido pelo interior de São Paulo.

Segundo Olímpio, a mudança no comando do PSL paulista estava prevista desde o fim das eleições de 2018, prazo que ele teria acertado com a direção nacional da legenda como limite para sua participação mais efetiva na direção.

— Não teve conflito, pressão, nada. Minha agenda de senador virou uma tragédia, administrar um partido é uma mão de obra danada, há disputa por espaço em todas as cidades —disse o senador.

No entanto, um grupo de parlamentares vinha pressionando o partido pela saída de Olímpio, alegando dificuldades de interlocução com o então presidente da legenda. A mudança também é interessante para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um antigo desafeto de Olímpio. Atualmente, a bancada do PSL é a maior da Assembleia Legislativa de São Paulo, com 15 parlamentares.

Desde o início do governo, o senador também tem sido crítico a decisões da administração Bolsonaro, apesar de apoiar o presidente. O primeiro desgaste ocorreu após a publicação de decreto para flexibilizar o porte de armas no país, que frustrou a militância pró-armas e o próprio Olímpio, que consideraram a iniciativa tímida.

Até o início da semana, Eduardo era o vice-presidente do partido no estado. Em função de irregularidades nas contas estaduais, o PSL-SP está impedido de receber recursos do fundo partidário até novembro de 2019. Na capital paulista, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) tem sido apresentada em pesquisas de intenção de voto como possível nome na disputa à prefeitura em 2020. Ela tem dito que ainda não tomou uma decisão sobre o tema e dedica-se à função de líder do governo no Congresso Nacional.