O Estado de São Paulo, n. 45810, 21/03/2019. Política, p. A8

 

Maia ataca Moro e desqualifica pacote

Renato Onofre

21/03/2019

 

 

 Recorte capturado

 

 

Presidente da Câmara reage à cobrança do ministro da Justiça, que tenta colocar em tramitação projeto anticrime em meio à Previdência

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acusou ontem o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, de desrespeitar um acordo do governo ao cobrar que o pacote anticorrupção seja discutido simultaneamente à reforma da Previdência. Maia afirmou que o ministro é “funcionário” de Bolsonaro e que se o governo quiser mudar a tramitação das propostas é só o presidente pedir. Sobre o pacote, disse ser uma “cópia” da proposta capitaneada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

“Funcionário do presidente Bolsonaro? Conversa com o presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser, conversa comigo. Eu fiz aquilo que acho correto”, afirmou Maia. Mais cedo, Moro disse, no lançamento da Frente Parlamentar de Segurança, a chamada bancada da bala, que procuraria Maia para pedir celeridade ao pacote. “Vou conversar respeitosamente com o presidente da Casa.”

Moro reagia à decisão de Maia de criar um grupo de deputados que, por 90 dias, vai analisar o projeto antes de começar a discussão em uma comissão da Casa, o primeiro passo da tramitação. A medida, na prática, “trava” a discussão das propostas.

O presidente da Câmara afirmou que o ministro conhece “pouco a política”. “Acho que ele (Moro) conhece pouco a política. Eu sou presidente da Câmara, ele é ministro, funcionário do presidente Bolsonaro. Então, o presidente Bolsonaro é quem tem que dialogar comigo. Ele está confundido as bolas. Ele não é presidente da República. Não foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim para ele”, disse.

As afirmações do presidente da Câmara representam um novo revés para Moro como ministro. O ex-juiz da Lava Jato disse em mais de uma ocasião que deixou a magistratura pela possibilidade de tornar a legislação mais rigorosa e implantar medidas que ajudassem o País a combater a corrupção. Ele tem esbarrado, porém, na rejeição de parte dos parlamentares, que o acusam de ter criminalizado a atividade política.

Cópia. Maia ainda acusou Moro de “copiar” uma outra proposta discutida no ano passado por uma comissão de juristas presidida por Alexandre de Moraes. “O projeto é importante. Aliás, ele (Moro) está copiando projeto do ministro Alexandre de Morais, copia e cola. Então tem poucas novidades no projeto dele”, disse. “Vamos apensar um ou outro projeto, mas o prioritário é o do ministro Alexandre de Moraes. No momento adequado, depois de votar a Previdência, vamos votar o projeto dele. O que precisamos é que o ministério da Justiça diga, com a estrutura que tem, como fará combate ao crime organizado”.

A reação de Maia também ocorre após ele virar alvo de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais por críticas à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo. Ele também causou indignação entre militares por ter afirmado, anteontem, que a categoria chegou no “fim da festa” ao propor a reestruturação das carreiras como contrapartida a mudanças nas regras de aposentadoria.

Em nota enviada pela assessoria do ministério da Justiça, Moro afirmou que apresentou em nome do governo Bolsonaro, “um projeto de lei inovador e amplo contra crime organizado, contra crimes violentos e corrupção, flagelos contra o povo brasileiro”. “A única expectativa que tenho, atendendo aos anseios da sociedade contra o crime, é que o projeto tramite regularmente e seja debatido e aprimorado pelo Congresso Nacional com a urgência que o caso requer”, disse.

“Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais”, afirmou o ministro. “Essas questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o Presidente da Câmara, e espero que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs. Não por questões pessoais, mas por respeito ao cargo e ao amplo desejo do povo brasileiro de viver em um país menos corrupto e mais seguro”, completou.

"(Moro) Conhece pouco a política. O presidente é quem tem de dialogar comigo"

Rodrigo Maia, presidente da Câmara

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Flávio tira ex-assessora de diretório do PSL no Rio

Fábio Grellet

Constança Rezende

21/03/2019

 

 

Em meio à crise causada por denúncias envolvendo seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, o senador e presidente do PSL do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, promoveu mudanças na composição do diretório estadual do partido. Contestado pela bancada , o filho de Jair Bolsonaro (PSL) cedeu espaço a deputados estaduais e federal recém-eleitos.

Em nota, ele diz que as trocas foram realizadas para “privilegiar quadros políticos do partido, alinhados às bandeiras da família Bolsonaro, e iniciar o trabalho de estruturação e planejamento dos diretórios municipais visando às eleições de 2020”.

Uma das mudanças anunciadas foi a saída da tesoureira Valdenice de Oliveira Meliga, que também foi sua assessora parlamentar enquanto era deputado estadual fluminense. Ela deixou o cargo quase sete meses após a prisão de seus irmãos gêmeos Alan e Alex Rodrigues de Oliveira, policiais militares detidos durante operação contra uma quadrilha especializada em extorsões.

Valdenice foi substituída por Anderson Moraes, deputado estadual em primeiro mandato, com base eleitoral em Nova Iguaçu (região metropolitana do Rio), e empresário, de 38 anos.