Valor econômico, v. 20 , n. 4779 , 26/06/2019. Brasil, p. A6

 

País discute 'tudo' na OMC, diz Planalto

Fabio Murakawa

Carla Araújo

26/06/2019

 

O Brasil está disposto a negociar "qualquer tema" na Organização Mundial do Comércio (OMC), inclusive os subsídios agrícolas, desde que os países desenvolvidos tornem mais rígidas as regras para os subsídios industriais.

A afirmação foi feita pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, ao listar os principais desafios da cúpula do G-20, no Japão, para onde o presidente Jair Bolsonaro embarcaria na noite desta terça-feira.

"A posição brasileira é de que a reforma da OMC é necessária, pois as regras são de décadas atrás", disse Rêgo Barros. "O Brasil negocia qualquer tema. Mas, se tornarem mais restritas regras para subsídios industriais, o Brasil vai propor regras para subsídios agrícolas na OMC."

Além da reforma da Organização Mundial do Comércio, o porta-voz listou como desafios a questão do multilateralismo, o comércio internacional e "as tensões comerciais que afetam investimento e crescimento por conta de incertezas".

Recentemente, Bolsonaro abriu mão do "tratamento especial" que o Brasil recebe na OMC em troca do apoio do presidente Donald Trump para que o país entre na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o chamado "clube dos países ricos".

Apesar do apoio do governo americano, o ingresso do Brasil na entidade ainda não tem data para ocorrer.

Paralelamente à OMC, o Brasil lidera as negociações de um tratado de livre-comércio do Mercosul com a União Europeia. De acordo com fontes do setor privado, o acordo está avançado e pode sair ainda esta semana (ver reportagem Acordo entre UE e Mercosul avança e pode sair na sexta).

Técnicos dos dois blocos vêm se reunindo em Bruxelas, e o presidente Jair Bolsonaro já chegou a dizer que um acordo era iminente. Os europeus, no entanto, têm se mostrado mais cautelosos.

A partir de hoje entram na negociação os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Teresa Cristina (Agricultura), além do secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo.