Título: Petrobras insiste na equiparação de preços
Autor: Oliveira, Priscilla
Fonte: Correio Braziliense, 20/09/2012, Economia, p. 12

Presidente da empresa volta a dizer que é preciso convergir valor de combustível com o de outros países. A afirmação sinaliza reajuste

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, voltou a dizer que o preço dos combustíveis deve ser reajustado. Ontem, durante uma audiência pública conjunta das comissões de Fiscalização e Controle e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, ela afirmou que a correção dos custos da gasolina e do diesel não deve ser feita de imediato, mas que a companhia busca a convergência com os valores praticados no exterior.

O fato de o governo estar adiando novos aumentos dos combustíveis vem custando caro à Petrobras, cujas ações despencaram nas bolsas de valores, sobretudo depois de a empresa ter registrado, entre abril e junho, o primeiro prejuízo em 13 anos. Ainda assim, Graça defendeu a política do governo. “A Petrobras tem uma política de médio e de longo prazos. Entendemos que esse mercado de combustível altamente demandado é importante para justificar os investimentos nas refinarias, e estamos o tempo todo discutindo com o nosso conselho a convergência dos preços”, enfatizou.

A defasagem do preço da gasolina nas refinarias brasileiras em relação ao dos Estados Unidos é de 27,2%, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A do diesel, de 27,7%. A diferença ocorre porque as tarifas dos combustíveis no mercado norte-americano flutuam de acordo com as cotações do petróleo nas bolsas internacionais. Já no Brasil, os valores seguem a política do governo de não impactar a inflação e de facilitar o caminho do Banco Central para o corte da taxa básica de juros (Selic). Recentemente, o Palácio do Planalto permitiu que a estatal reajustasse a gasolina e o diesel nas refinarias, mas compensou os aumentos com a redução da Cide, imposto que incide sobre o setor.

Resultado positivo Graça Foster reiterou ainda que o prejuízo de R$ 1,34 bilhão da companhia registrado no segundo trimestre deste ano não deve afetar a meta dela para 2012. “A Petrobras certamente terá um resultado positivo (no período)”, afirmou Graça. “Grande parte do resultado negativo veio, principalmente, da desvalorização cambial, da queda nas exportações por paradas (programadas), da baixa de poços secos e da queda na margem de derivados. A probabilidade de que todos esses fatores aconteçam novamente é muito pequena.”

Além disso, a presidente da Petrobras informou que o plano de negócios e de gestão da petrolífera soma US$ 236,5 bilhões para o período entre 2012 e 2016. Segundo ela, a viabilidade financeira do orçamento já foi aprovada pela empresa e, para obtê-la, “não haverá emissão de novas ações”. “A nossa prioridade é a produção, porque é dela que vem a receita para incrementarmos as refinarias e as condições para fazermos os investimentos na área de abastecimento, gás e energia”, explicou.