Título: Bancos são depredados
Autor: Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 20/09/2012, Economia, p. 13

O segundo dia da greve dos bancários foi marcado por atos de vandalismo no Distrito Federal. Agências de bancos na Asa Sul e na Asa Norte, no Plano Piloto, tiveram os vidros quebrados. Empregados do Itaú da 510 Sul, um dos estabelecimentos depredados, suspeitavam que os autores do ataque tenham usado armas de chumbinho. Porém, a Polícia Civil não confirmou a informação nem divulgou detalhes do caso, que está sob investigação. Uma testemunha que não quis se identificar contou ter ouvido barulho de vidro sendo estilhaçado e, depois, um carro arrancando apressadamente. "Foi muito rápido. Nem deu para anotar a placa", disse.

Os funcionários do Banco do Brasil da 504 Norte, também atingido, relataram que não presenciaram o ataque nem encontraram nenhum tipo de projétil que pudesse identificar o uso de armas pelos agressores. Nas agências do Santander da 504 Norte e do HSBC da 502 Sul, os vidros quebrados foram substituídos por tapumes.

O diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, Francinaldo Araújo, disse não ter informações sobre os participantes dos atos de vandalismo. "Estamos esperando a investigação policial", disse. "Queremos ver o caso desvendado o mais rápido possível e os responsáveis, punidos."

Impasse A Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), que congrega 137 sindicatos, informou que, nas primeiras 48 horas, o movimento grevista conseguiu paralisar as 7.324 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados do país — entre eles, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú-Unibanco, Banco do Brasil, Santander e Bradesco.

Os bancários decidiram entrar em greve após rejeitarem a proposta de reajuste salarial de 6% da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A categoria exige aumento de 10,25% e melhores condições de trabalho. O presidente da Confraf, Carlos Cordeiro, disse que o movimento está se ampliando em todo o país.

Diante do impasse nas negociações entre patrões e empregados, os serviços bancários nas agências permanecem interrompidos. Os clientes só conseguem pagar contas, sacar dinheiro ou consultar saldos nos caixas eletrônicos ou por meio da internet. Para muitos, a ausência de funcionários nos estabelecimentos é um transtorno. O vendedor Eduardo Mattos, 35 anos, teve que retornar ao trabalho sem conseguir pagar diversas faturas. "Não tem loteria aqui perto, só banco. Vou ter que pegar um ônibus para poder quitar as contas", lamentou.