Correio braziliense, n. 20445, 13/05/2019. Política, p. 3
Presidente defende correção do IR
13/05/2019
Pleiteada há anos pelos contribuintes, a correção da tabela do Imposto de Renda (IRPF) pela inflação é a nova promessa do presidente Jair Bolsonaro. Cálculos do Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional) apontam que mais de 500 mil brasileiros entram todos os anos na lista de pagadores da Receita Federal por causa da defasagem.
“Hoje em dia, o Imposto de Renda é redutor de renda. Eu falei com o (ministro da Economia) Paulo Guedes que, no mínimo, este ano, temos que corrigir, de acordo com a inflação, a tabela para o ano que vem”, disse ontem o presidente, em entrevista à rádio Bandeirantes.
Desde 2015, a tabela não passa por correções. Segundo o Sindifisco, a falta de atualizações na tabela prejudica principalmente os contribuintes de menor renda, que poderiam estar na faixa de isenção, mas são tributados em 7,5%. Paga imposto hoje quem ganha mais que R$ 1.903 mensais.
Bolsonaro disse, ainda, que deu orientações ao ministro sobre rever também os limites de deduções de gastos com saúde e educação no cálculo do IRPF. “E, se for possível, ampliar o limite do desconto com educação e saúde. Isso é a orientação que eu dei para ele. Quero que ele cumpra. Orientação não é ordem. Mas pelo menos corrigir o Imposto de Renda pela inflação, isso, com certeza, vai sair”, declarou.
Especialistas consideram que corrigir a tabela de IR pela inflação deveria ser um fator natural, que acompanha a evolução da renda do brasileiro. No entanto, isso tem sido evitado pelo governo como forma não perder arrecadação.
Bolsonaro, que ainda encontra dificuldades para aprovar a agenda prioritária do governo com a reforma da Previdência e o pacote anticorrupção do Ministério da Justiça, afirmou, também que vai tentar fazer uma e reforma tributária. Disse que solicitou à sua equipe que os trabalhos sejam feitos "devagar". "Não pode ir com muita pressa. Pedi ao pessoal para ir mais devagar para resolver mais coisa".
Petrobras
Bolsonaro pontuou, ainda, que não tem "ingerência sobre a Petrobras" e que, "para não quebrar", a empresa tem uma política própria de preços. "Eles têm um mecanismo de reajustar o combustível que leva em conta a variação do dólar e o preço fora do país", frisou.
Em abril, o presidente interveio na política de preços da estatal, atitude que não foi bem aceita pelo mercado. Ao temer uma nova greve de caminhoneiros, pediu ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, a manutenção do preço médio do litro do diesel repassado às refinarias.
O resultado da medida, anunciado há exatos 30 dias, foi uma queda expressiva nas ações preferenciais da empresa, de 7,32%. A estatal perdeu mais de R$ 32 blhões de valor de mercado em um dia.