Título: Saneamento precário
Autor: Martins, Victor; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 22/09/2012, Economia, p. 14

Apesar de 75% dos brasileiros terem um teto próprio e estarem comprando mais eletrodomésticos e computadores, 37,4% das famílias ainda vivem em domicílios sem rede de esgoto. A Região Norte é a que está na pior situação, onde apenas 13% dos lares têm o serviço, conforme a Pnad de 2011. Em 2009, o quadro era muito mais grave — apenas 7,9% das famílias da região dispunham de esgoto tratado.

A diferença em relação ao acesso da população aos serviços de saneamento básico é gritante entre as regiões. Se o Norte padece com a quase total falta de esgoto tratado, o Sudeste possui 82,4% dos seus domicílios com o serviço. Esse percentual cai para a metade no Centro-Oeste (43,1%), justamente onde foi registrado o maior crescimento da renda no país. No Nordeste, somente 35% das residência têm rede de esgoto.

Os dados do IBGE mostram também que avançou muito pouco o total de residências com água encanada em relação a 2009: passou de 84,3% do total para 84,6% no período, 0,3 ponto percentual a mais. O mesmo aconteceu com a coleta de lixo: eram 88,5% com o serviço em 2009 e 88,8% em 2011. A pesquisa mostra que a energia elétrica está em 99,3% das casas. O Sudeste registrou queda na quantidade de lares com rede de água: o total caiu de 92,3% para 91,1% entre 2009 e 2011. No Norte, que tem o menor percentual do serviço, de 55,9%, também houve redução. Em 2009, 56,7% das residências tinham de água.

» Atraso

Para o economista e professor da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite, os dados da Pnad mostram que o Brasil está muito atrasado em relação à oferta de serviços de saneamento. Ele lembra que os indicadores de saúde da população melhoram muito quando o governo investe em coleta e tratamento do esgoto. O professor de Insper, o economista Otto Nogami, ressalta que o quadro apresentado pelo IBGE indica que as necessidades de investimentos em infraestrutura estão aquém do crescimento de 10% nos últimos dois anos.