Título: Casais têm menos filhos
Autor: Martins, Victor; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 22/09/2012, Economia, p. 14

Os brasileiros estão casando mais jovens, mas a taxa de fecundidade das famílias está em queda — 1,95 filho por residência, em 2011, ante 2,13 registrados em 2004. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 85,5 milhões de pessoas com mais de 15 anos viviam em união conjugal no ano passado, o correspondente a 57,1% da população dessa faixa etária.

Responsável pelo levantamento, pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) perguntou qual era o estado civil das pessoas. Os solteiros sobressaíram: 48,1%. Em seguida, vieram os casados (39,9%), os viúvos (6,1%) e os divorciados (5,9%). O índice de mulheres que não viviam em união, mas que já haviam sido casadas, superou o de homens na mesma situação: 26% contra 5,5%. "Esse dado aponta que a capacidade dos homens de reconstituírem a vida é maior do que a das mulheres", afirma Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do instituto.

A Pnad constatou ainda que as mulheres continuam como as principais responsáveis pelas tarefas do lar. Dos brasileiros que disseram trabalhar, 65% garantiram ter afazeres domésticos. Entre os homens, 47% afirmaram que cuidam da casa, contra 89,4% das mulheres. Também é alta a taxa de crianças e adolescentes que cuidavam de tarefas caseiras — 64,7% dos que tinham entre 5 e 17 anos — e trabalhavam. O número é um pouco menor do que o registrado em 2009: 66,8%.

Miscigenação Na avaliação dos especialistas, a Pnad mostrou outro dado importante: a inversão da tendência histórica no país de aumento da miscigenação da população. Entre 2009 e 2011, houve recuo na participação de pessoas que se declaram pardas (0,4 ponto percentual) e elevação dos autodeclarados pretos (1,4 ponto). Juntos, pretos e pardos se tornaram maioria no Brasil a partir de 2008.

Pelos cálculos do IBGE, no país, o maior contingente de pessoas que se disseram pretas está no Nordeste (10,5%). Já a maioria de pardos fica na região Norte (67,9%) e a de brancos, no Sul (77,8%). No entender dos analistas, a maior presença de pretos na população está associada ao aumento das políticas de cotas, principalmente nas universidades. Ou seja, se houver políticas afirmativas para pardos, eles também tenderão a marcar mais presença na sociedade. Seja como for, a Pnad constatou um dado desalentador: da população desocupada no ano passado, 57,6% eram pretos ou pardos. O índice aumentou em relação ao de 2009, de 56,2%.