Título: DF envelhece em ritmo acelerado
Autor: Rodrigues, Gizella
Fonte: Correio Braziliense, 22/09/2012, Cidades, p. 32

Hoje, os idosos somam 7,7% da população local, mas, até 2030, eles serão 14,9%, conforme dados do Censo de 2010. Esse crescimento exige do governo a adoção de políticas adequadas

O Distrito Federal está envelhecendo em um ritmo mais acelerado se comparado ao de outras unidades da Federação. Dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que há, no DF, 197.613 pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 7,7% da população. Número que aumentou 16,5% em relação a 2009, quando os idosos somavam 109 mil. Em oito anos, o percentual desse segmento deverá corresponder a 10,4% da população e a 14,9% em 2030.

O envelhecimento da população é um fenômeno nacional, apesar de ocorrer mais rapidamente na capital federal. No Brasil, atualmente, o percentual de maiores de 60 anos supera o do DF: 8,6%. Em 2027, eles vão representar 14% da população brasileira, percentual que o DF alcançará três anos depois. Daqui a 15 anos, o Brasil terá 32 milhões de idosos, a sexta maior população dessa faixa etária do planeta.

A nova realidade exige do governo mudanças nas políticas públicas, a fim de atender os maiores de 60 anos em curto, médio e longo prazos. Preocupada com isso, a Secretaria Especial do Idoso, criada há um ano, promoveu, em parceria com o Decanato de Extensão da Universidade de Brasília (UnB), o 1° Seminário de Políticas Públicas para Pessoas Idosas: Contextos e Desafios. Durante dois dias, professores, pedagogos, médicos e autoridades, com participação dos idosos, discutiram ações que podem melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

O encontro acabou na noite de ontem. Os participantes do seminário formularam uma série de propostas para a terceira idade que podem ser colocadas em prática no DF. Após análise da Secretaria do Idoso, as sugestões serão transformadas em um documento oficial que será encaminhado ao governador Agnelo Queiroz. "A tendência é que a população de idosos ultrapasse a das demais faixas etárias. Há projeções nacionais indicando que isso ocorrerá em 2050. A taxa de fecundidade está caindo, a expectativa de vida aumentando, os problemas sociais dizimando a juventude. Precisamos encarar uma nova realidade", afirma o secretário do Idoso, Ricardo Quirino.

Competição Em 2010, de acordo com a Codeplan, homens de 60 anos poderiam viver mais 20,7 anos, e as mulheres, mais 24,4 anos. Uma população que vive até os 80 anos traz realidades sociais distintas e toda a sociedade precisa se preparar para ela. Segundo Quirino, o primeiro impacto é no mercado de trabalho. Muitas pessoas chegam aos 60 anos produzindo e saudáveis. Por isso, as empresas precisam ser incentivadas a contratar e manter os empregos de pessoas mais velhas. "E os jovens precisam se acostumar a competir com pessoas mais velhas. O idoso não está mais em casa, doente. Ele está na rua, correndo, em idade produtiva", afirma o secretário.

Outro impacto importante é no sistema de saúde, que deve ser aprimorado para garantir prioridade no atendimento de pessoas idosas. Quirino também se diz insatisfeito com o índice de analfabetismo entre os idosos, principalmente entre os carentes, que chega a 70%, e com a inacessibilidade das vias do DF, muitas vezes um obstáculo para quem anda de bengalas ou tem alguma dificuldade de locomoção. "O Estatuto do Idoso trouxe muitos avanços, como o desconto de 50% em eventos culturais, a distribuição gratuita de medicamentos e a prioridade na tramitação de processos na Justiça nos quais idosos são parte. Mas é preciso avançar mais."