Correio braziliense, n. 20446, 14/05/2019. Política, p. 4

 

Flávio Bolsonaro tem sigilo quebrado

14/05/2019

 

 

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou ontem a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, e do ex-policial militar Fabrício Queiroz, que foi assessor e motorista de Flávio. O Ministério Público havia solicitado a quebra dos sigilos em 24 de abril.  A autorização foi dada pelo juiz Flávio Nicolau, do TJ-RJ.

A autorização inclui ainda a quebra do sigilo bancário de Fernanda Bolsonaro, esposa do senador, da empresa Bolsotini Chocolates e Café Ltda. que pertence ao casal; e das contas das duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn; e da esposa do ex-assessor, Márcia.

“O meu sigilo bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MP/RJ, sem autorização judicial. Tanto é que informações detalhadas e sigilosas de minha conta bancária, com identificação de beneficiários de pagamentos, valores e até horas e minutos de depósitos, já foram expostas em rede nacional após o Chefe do MP/RJ, pessoalmente, vazar tais dados sigilosos”, disse Flávio Bolsonaro em nota divulgada ontem no início da noite, em que acusa o anúncio da quebra de sigilo de manobra do MP. “Somente agora, em maio de 2019, quase um ano e meio depois, tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem há vários meses”. O senador diz ainda que a intenção é atingir o governo do pai. “A verdade prevalecerá, pois nada fiz de errado e não conseguirão me usar para atingir o governo de Jair Bolsonaro.”

A defesa de Fabrício Queiroz afirma que “ele e a família recebem a notícia com tranquilidade, uma vez que seu sigilo bancário já havia sido quebrado e exposto por todos os meios de comunicação, sendo, portanto, mera tentativa de dar aparência de legalidade a um ato que foi praticado de forma ilegal”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro também divulgou uma nota sobre uma entrevista que o senador deu no domingo para o Jornal o Estado de S.Paulo em que Flávio Bolsonaro faz acusações sobre atuação do MPRJ no caso Coaf. Na nota, o MP afirma que “repudia com veemência as declarações de Flávio Bolsonaro, proferidas em entrevista divulgada pelos meios de comunicação social, no dia 12/05/2019”.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações atípicas de Queiroz no valor de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Também foram identificados depósitos na conta de Queiroz e de funcionários e ex-funcionários do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Flávio Bolsonaro foi deputado estadual no Rio de Janeiro. Entre as movimentações, está um cheque destinado à mulher de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro. Na ocasião em que o relatório foi divulgado, Jair Bolsonaro afirmou que o dinheiro se refere ao pagamento de uma dívida.

R$ 1,2 milhão em movimentações atípicas do ex-assessor

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Constantino da Gol: delação inclui Maia

14/05/2019

 

 

 

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi citado no acordo de colaboração premiada de um dos donos da Gol Linhas Aéreas, Henrique Constantino, como recebedor de “benefício financeiro” por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). São citados também como recebedores de valores da Abear, o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), o ex-deputado Vicente Cândido (PT-SP), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), além de Marco Maia, Edinho Araújo, Otávio Leite, Bruno Araújo e outros.

A informação consta de um trecho da homologação da delação, feita pelo juiz responsável pelo caso, Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Criminal da Justiça Federal do Distrito Federal. Constantino também afirmou ter ouvido pedido de propina de Michel Temer, então vice-presidente, e dos deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN). O pedido, segundo o empresário, foi feito em reunião em Brasília, em junho de 2012, no valor de R$ 10 milhões, em troca da atuação do grupo para atender a interesses de companhias ligadas ao empresário em questões envolvendo a Caixa Econômica Federal.

A negociação teria sido iniciada com o operador Lúcio Funaro, ligado a Cunha e ao MDB. Os pagamentos foram efetuados, em parte, para a campanha de Gabriel Chalita, então integrante do MDB, à Prefeitura de São Paulo, e outra parte para empresas indicadas por Funaro, como a Viscaya e a Dallas, diz outro trecho.

Maia disse que não conhece e nunca teve nenhum tipo de relacionamento com Constantino.  “Nunca me pagou nada. Isso é mentira dele. Não tem como provar e vai ser mais um inquérito arquivado na justiça brasileira”, afirmou, ao chegar  para um jantar com empresários e investidores estrangeiros organizdos pelo Grupo Safra, em Nova York.