O Estado de São Paulo, n. 45801, 12/03/2019. Política, p. A10

 

Bolsonaro pede troca de carros oficiais

Naira Trindade

12/03/2019

 

 

Presidente solicita compra de blindados para ele, vice Mourão e ex-chefes de Executivo

O presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso pedido para autorizar a compra de carros oficiais novos para ele, o vice Hamilton Mourão e seus antecessores Michel Temer, Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney. É a primeira mensagem do atual governo para alterar o texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019.

Mesmo preso em Curitiba desde 7 de abril do ano passado, Lula conseguiu, por meio de liminar, manter o direito a veículos oficiais. O petista foi condenado em duas ocasiões. Numa delas, em segunda instância, a 9 anos e 6 meses de prisão.

Na mensagem encaminhada ao Congresso assinada por Bolsonaro no dia 8 de março, o governo fala em necessidade de “modernizar a frota” de veículos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, que também subscreve o projeto de lei, justificou que a medida atende a ofício do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela proteção do presidente.

A autorização do Congresso é necessária porque em 2018 os parlamentares retiraram da LDO a permissão para compra de veículos oficiais para o presidente, seu vice e antecessores. O projeto encaminhado pelo governo restabelece a prerrogativa.

No final do ano passado, Michel Temer abriu uma concorrência para renovar a frota no valor de R$ 5,6 milhões que já atenderia ao atual governo. Segundo o GSI, o edital está em fase de conclusão e prevê a aquisição de 12 blindados para o presidente e o vice. Nesse processo não há previsão de carros para ex-presidentes.

Para respaldar a compra, o então ministro do GSI, Sérgio Etchegoyen, argumentou à época que haveria necessidade de “redimensionar” a segurança do presidente e do vice após o atentado sofrido por Bolsonaro durante a campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).

Além dos 12 blindados contra tiros de submetralhadoras e pistolas 9 milímetros, outros 18 automóveis do mesmo modelo e marca poderão ser adquiridos para atender ao atual governo. Eles ficarão à disposição para uso em Brasília e outros Estados, como Rio de Janeiro, base eleitoral do presidente.

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Planalto exonera seis auxiliares de Vélez

Lígia Formenti

Renata Gafardo

12/03/2019

 

 

Na lista de demitidos do Ministério da Educação estão discípulos do ‘guru’ bolsonarista Olavo de Carvalho

Ministro. Ricardo Vélez Rodríguez, que se reuniu ontem com o presidente Jair Bolsonaro, não quis comentar as exonerações

O governo exonerou ontem seis auxiliares do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Na lista, estão nomes de discípulos do autor de livros Olavo de Carvalho – guru bolsonarista –, como Tiago Tondinelli e Sílvio Grimaldo.

As demissões ocorrem em meio a uma disputa interna na pasta. Também foi exonerado o coronel Ricardo Wagner Roquetti, militar que se tornou braço direito de Vélez, opositor de “olavistas” e que teve sua saída exigida pelo presidente Jair Bolsonaro em uma reunião realizada no domingo.

A briga no ministério começou na semana passada, quando o ministro resolveu afastar funcionários que defendiam políticas de viés ideológico. A mais importante delas, revelada pelo Estado, uma carta enviada às escolas pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido e que crianças fossem filmadas cantando o Hino Nacional.

Vélez deixou os “olavistas” de lado e passou a se aconselhar com seus ex-alunos e com o secretário executivo Luiz Antonio Tozi, que foi diretor do Centro Paula Souza, administrador das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) em São Paulo.

O grupo defende o foco do MEC em políticas educacionais de evidência comprovada e o abandono do discurso ideológico. “Olavistas”, por sua vez, dizem que o grupo é “tucano” e não segue as ideias de Bolsonaro. Os técnicos rivalizam com outros dois segmentos dentro do MEC, o de seguidores de Olavo e o de alguns militares.

‘Lava Jato’. Ontem, pelo segundo dia seguido, Vélez se reuniu com Bolsonaro. Questionado na saída do encontro, não quis comentar as exonerações.

Em nota publicada à tarde, o MEC classificou as mudanças como “movimentação de pessoal” e “reorganização administrativa”. No mesmo texto, faz menção às investigações da “Lava Jato da Educação”.

“O combate à corrupção está sendo gerido pelo MEC, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Advocacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União, e, portanto, deve ser tratado com a isenção e impessoalidade que se exigem das atuações estatais”, diz a nota.

Em entrevista ao jornal O Globo na semana passada, Olavo de Carvalho atribuiu as saídas à tentativa de parar a apuração de irregularidades na pasta./ COLABOROU JULIA LINDNER

'Reorganização'

“O combate à corrupção está sendo gerido pelo MEC (...) e, portanto, deve ser tratado com a isenção e impessoalidade que se exigem das atuações estatais.”

Ministério da Educação

EM NOTA SOBRE EXONERAÇÕES NA PASTA