O Estado de São Paulo, n. 45800, 11/03/2019. Política, p. A8

 

Velez demite coronel atacado por olavistas

Naira Trindade

Renata Cafardo

11/03/2019

 

 

Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada ontem pela manhã, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, decidiu exonerar coronel-aviador da reserva Ricardo Wagner Roquetti do cargo de diretor de programa da Secretaria Executiva da pasta.

Ao longo da tarde, integrantes do grupo do filósofo e escritor Olavo de Carvalho divulgaram nas redes sociais que Bolsonaro pediu ao ministro o afastamento do diretor de programa da Secretaria Executiva, coronel-aviador da reserva Roquetti. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) não se pronunciou sobre a exoneração do assessor. O afastamento, no entanto, foi confirmado pelo Estado.

O militar da Aeronáutica está no centro de uma disputa envolvendo os “olavistas”, militares e técnicos em cargos comissionados no ministério. No fim de semana, integrantes do grupo de Olavo acusaram Roquetti de “isolar” o ministro Velez e de ser responsável pelo afastamento deles. Integrantes do MEC disseram ao Estado que os funcionários foram afastados depois do episódio da carta enviada às escolas pelo ministro e por tomarem posições com viés ideológico.

“Com o tempo, a influência do coronel sobre Vélez aumentou, e ele acabou abandonando qualquer pretensão de ter uma função específica (...) Perambulava pelo gabinete como a eminência parda do ministro, dando ordens, tomando decisões, indicando amigos para os cargos que vagavam”, disse no Facebook o assessor Silvio Grimaldo, que foi afastado na sexta-feira.

Ataque

“A influência do coronel sobre Vélez aumentou, e ele deixou qualquer pretensão de ter função específica.”

Silvio Grimaldo

OLAVISTA

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Nerdes alega que seguiu Supremo em sua decisão

Breno Pires

11/03/2019

 

 

Após reportagem do Estado revelar a suspensão do processo em que quatro empreiteiras envolvidas na Lava Jato haviam sido impedidas de contratar com a União, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgou nota afirmando que não foi responsável pela suspensão da punição. Ele disse que a punição estava suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

“(...) Tal suspensão decorreu do procedimento recursal estabelecido regimentalmente no âmbito do Tribunal de Contas da União e ratificado pelo Supremo Tribunal Federal”, diz agora em nota o ministro após a publicação da reportagem.

O Estado, no entanto, não afirmou que o ministro suspendeu a punição, e sim a análise dos recursos, etapa necessária para ser efetivada a sanção. A decisão do Supremo citada pelo ministro do TCU, no entanto, não impede o andamento do processo e o julgamento do recurso.