O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, disse ontem que sente "vergonha" por receber do Exército um salário líquido de apenas R$ 19 mil. Hoje, o salário mínimo, bruto, é de R$ 998.

"Eu não tenho vergonha de ter sido bem pago. Eu tenho vergonha do que eu recebo no Exército. Mostrar para o meu filho que eu sou general do Exército e ganho líquido R$ 19 mil. Eu tenho vergonha", disse.

A declaração aconteceu durante audiência conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados, onde esteve para falar sobre a prisão de um militar na Espanha que estava com 39 kg de cocaína em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

O ministro foi questionado pelo deputado David Miranda (Psol-RJ) sobre por que chegou a receber um salário de mais de R$ 50 mil quando era diretor de Comunicação e Educação Corporativa no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). "O dinheiro que eu recebia no COB, eu ganhava honestamente. Eu sempre brinco... Foi a única vez que eu ia no restaurante e olhava o cardápio pelo lado esquerdo, sempre olhei no restaurante [opções de pratos] - eu e meus filhos - pelo lado direito [preço dos pratos]", afirmou.

Na Câmara, Heleno também minimizou as críticas do vereador Carlos Bolsonaro (PSC). Para ele, o filho do presidente Jair Bolsonaro ficou "extremamente traumatizado" com o atentado sofrido pelo pai no ano passado, durante um ato de campanha.

Carlos tem feito críticas a supostas falhas de segurança que poderiam prejudicar o pai e defendido que a Polícia Federal (PF) deveria ser encarregada dessa função. "Naquela situação ele estava sob cuidados da Polícia Federal. Mas não estou de maneira nenhuma colocando qualquer tipo de responsabilidade na PF", disse o ministro.

Heleno também rebateu os ataques do filósofo Olavo de Carvalho, e disse que não o reconheceria se o encontrasse na rua. "Eu não vou dedicar meu tempo ao senhor Olavo de Carvalho, porque meu tempo é precioso. Não me atinge em nada. Eu não vou ficar gastando meu tempo em responder cada bobagem que falam."