Correio braziliense, n. 20446, 14/05/2019. Economia, p. 7

 

Disputa EUA - China freia retomada brasileira

Hamilton Ferrari

14/05/2019

 

 

 Recorte capturado

 

 

Conjuntura » Aumento das tensões comerciais entre as duas maiores potências econômicas derruba as principais bolsas de valores. No Brasil, Bovespa cai 2,69% e dólar chega perto de R$ 4. Investidores temem esfriamento do comércio e da economia globais

A economia brasileira está fragilizada e terá que resistir a mais um grande impacto neste ano: a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. A tensão entre as duas potências mundiais está mais inflamada, após o país asiático anunciar, ontem, que vai aumentar a taxação de produtos norte-americanos. Antevendo o impacto negativo na economia global, as bolsas de valores em todo o mundo caíram, assim como o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que tombou 2,69% e terminou o dia em 91.726 pontos. O dólar subiu 0,87%, fechando a R$ 3,98.

As retaliações mútuas entre os dois gigantes econômicos tendem a frear o comércio internacional e, consequentemente, o desempenho da economia de todo o mundo. Os países emergentes serão os mais afetados, porque, no cenário de crise, o apetite dos investidores diminui, especialmente por aplicações em nações com economias mais instáveis, como o Brasil.

A China anunciou que vai elevar de 5% a 25% as tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos importados dos EUA a partir de 1º de junho. A medida foi uma resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de subir impostos sobre as importações da China que ainda não haviam sido taxadas, o que deve afetar cerca de US$ 300 bilhões em produtos chineses. O reflexo foi imediato na Bolsa de Nova York: o índice Dow Jones caiu 2,38%, o S&P 500 recuou 2,41% e a Nasdaq tombou 3,41%.

Antes da nova onda de retaliações, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou, em abril, que a economia global iria se enfraquecer este ano, com o crescimento passando de 3,6%, em 2018, para 3,3% em 2019. Diante das barreiras para uma recuperação mais forte, o Brasil vê as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) desabarem.

De acordo com o relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), a mediana das previsões dos analistas do mercado financeiro para a expansão da economia do país neste ano é de apenas 1,45%. Mas há instituições financeiras com previsões ainda piores. O Itaú Unibanco calcula que o PIB deve subir apenas 1%, depois de já ter avançado somente 1,1% no ano passado. As projeções para 2020 também estão em queda livre. O banco diminui a estimativa de 2,5% para 2%; o Santander revisou de 3% para 2,5%, e o Bradesco, de 3% para 2,2%.

Marasmo

O Brasil passou pela pior crise econômica, recentemente, com quedas de 3,8% e de 3,6% do PIB em 2015 e 2016, respectivamente. De lá para cá, cresceu 1% em 2017 e 1,1% em 2018. Economistas destacam que, para o tamanho da queda, a retomada está muito fraca. O desemprego atinge 13,4 milhões de pessoas, o que afeta o orçamento das famílias e limita o consumo. Com pouca demanda, há pouco investimento do setor produtivo.

A economia continua fraca mesmo com a taxa básica Selic no menor nível da história, em 6,5% ao ano, desde março de 2017. Além disso, a inflação está controlada — analistas de mercado acreditam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 4,04% neste ano. O centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 4,25%.

O economista Thiago Figueiredo, gestor da GGR Investimentos, avalia, porém, que, devido à instabilidade global, o dólar está em alta, o que tende a pressionar os preços no país. Além disso, tensões no Oriente Médio aumentam o valor do petróleo no mercado internacional. Mesmo assim, o especialista entende que a economia brasileira está tão fraca que precisa de estímulos. “A economia está tão devagar que não consegue repassar altas de preço para o consumidor. O comércio está fraco. A indústria tem desempenho muito abaixo do esperado. É difícil falar em risco de inflação nesse contexto”, afirmou. “É perfeitamente plausível a redução da Selic para tentar acabar com esse marasmo na economia.”

Contas públicas

O grande impasse, porém, continua nas contas públicas. Economistas ressaltam que, sem a sinalização clara de aprovação da reforma da Previdência, os juros devem continuar no mesmo patamar. Hoje, o Banco Central (BC) divulgará a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, que decidiu pela manutenção da Selic em 6,5% ao ano.

O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, destacou que o agravamento das tensões entre a China e os EUA é péssimo para as nações emergentes. “Nosso quadro é bastante frágil, e fica pior com a guerra comercial. Mas eu não vejo o Banco Central cortando os juros antes da reforma da Previdência, porque isso pode ser um risco para a economia”, argumentou.

Previdência é desafio

Em relatório, o Itaú Unibanco avalia que a fraqueza na atividade econômica e a inflação baixa abrem espaço para cortes na taxa Selic. “Mas este cenário é estritamente dependente da aprovação da reforma da Previdência, cujo impacto em termos fiscais deve ser entre 50% e 75% da proposta enviada pelo governo”, informa o banco. O texto feito pelo Ministério da Economia estima que, em 10 anos, será possível economizar R$ 1,236 trilhão. Se a previsão do Itaú se confirmar, o impacto fiscal será de, pelo menos, R$ 618 milhões em uma década.

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Folha de salários na mira do TCU

Vera Batista

14/05/2019

 

 

Análise do Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou 52.636 indícios de irregularidades no gasto de pessoal de órgãos da administração pública federal, nos meses de março a setembro do ano passado, em 798 unidades do Judiciário, do Legislativo, do Ministério Público da União, das Forças Armadas, do Banco Central e de empresas estatais.

Desse montante, 17.168 indícios foram corrigidos e resultaram em ganhos para os cofres públicos. Os 34.468 mil indícios de irregularidades restantes ainda não foram esclarecidos pelos gestores responsáveis. Dez órgãos somam 64% dos problemas detectados nas folhas de pagamento  e deverão apresentar, em até 60 dias, plano de ação para solucionar as pendências, de acordo com o TCU.

Entre os indícios de irregularidades, constam pagamento a pensionista já falecido, servidor ativo com mais de 75 anos, servidor falecido recebendo remuneração, pessoas proibidas de assumir cargos públicos, auxílio-alimentação pago em duplicidade, entre outros problemas.

Os dados estão no relatório do quarto ciclo de fiscalização dos dados cadastrais e folhas de pagamento do serviço público. Nessa rodada, parceria com os tribunais estaduais e municipais permitiu avaliar os dados das unidades federativas. Foram encontrados 136.671 indícios de diversas irregularidades envolvendo 16.243 entidades. Como elas estão fora da jurisdição do TCU, os resultados foram encaminhados aos órgãos competentes para apuração.

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Gasolina sobe com ICMS maior

Thais Moura

14/05/2019

 

 

O preço da gasolina no DF pode subir a partir de quinta-feira, por conta de decisão tomada ontem pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), pela qual a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aumentará R$ 0,20, passando de R$ 4,40 para R$ 4,60.

Alguns postos do DF já se preparam para a mudança. Levantamento feito pelo Correio em 27 revendedores mostra que 14 já vendem o combustível acima de R$ 4,45, enquanto 12 cobram mais de R$ 4,50. Na Asa Norte, o litro chega a R$ 4,87 (103 norte), e, na EPTG, o valor saiu de R$ 4,37 para R$ 4,45, em comparação a 10 dias atrás. No Plano Piloto, o menor valor encontrado foi de R$ 4,39, na 115 sul.

A Secretaria de Fazenda informou que o aumento da base do ICMS “apenas reflete os preços já praticados em 2 e 3 de maio”. “É apenas o resultado de uma pesquisa sobre um fato que já havia ocorrido. Com isso, esse aumento será registrado para ser a nova base de cálculo para que as refinarias cobrem o ICMS Substituição Tributária das distribuidoras”, afirmou, em nota. Além do DF, a medida do Confaz abrange 16 estados. O presidente do Sindicombustíveis, Paulo Tavares, avalia que o aumento no cálculo do ICMS provocará alta de R$ 0,07 na gasolina vendida nos postos do DF.. “Com o valor de R$ 4,60 para o cálculo do ICMS, teremos que trabalhar calculando impostos em cima desse número. O GDF vai arrecadar mais, mas afetará o consumidor”, explicou.

Variação dos preços no DF (em reais)

Postos    3/5/2019     13/5/2019

Petrobras - Posto da Torre    4,659    4,659

Petrobras - Eixo W 106 Sul    4,489    4,489

Petrobras - Eixo W 109 Sul    4,489    4,477

Shell - Eixo W 115 Sul    4,499    4,399

Petrobras - Eixo L 214 Sul    4,530    4,450

Petrobras - Eixo L 212 Sul    4,499    4,459

JarJour - Eixo L 210 Sul    4,499    4,459

Petrobras - Eixo L 207 Sul    4,490    4,459

PB - Eixo L 206 Sul    4,539    4,429

Melhor - Eixo L 204 Sul    4,599    4,499

Petrobras - Eixo L 202 Sul    4,499    4,569

Ipiranga - Eixo L 204 Norte    4,699    4,599

JarJour - Eixo L 206 Norte    4,539    4,469

Petrobras - Eixo L 208 Norte     4,549    4,479

Ipiranga - Eixo L 210 Norte    4,659    4,539

Shell - Eixo L 212 Norte    4,549    4,469

Petrobras - Eixo L 214 Norte    4,599    4,699

Ipiranga - Eixo W 115 Norte    4,659    4,539

Petrobras - Eixo W 113 Norte    4,559    4,469

Ipiranga - Eixo W 112 Norte    4,549    4,469

Petrobras - Eixo W 107 Norte    4,549    4,469

Petrobras - Eixo W 103 Norte    4,670    4,870

Petrobras - SIG Quadra 3    4,589    4,589

Shell - SIG Quadra 3    4,589    4,589

Garantia - EPTG    4,459    4,459

Vtex - EPTG    4,377    4,457

Ipiranga - EPTG    4,459    4,459