Título: Marcio Lacerda na ofensiva
Autor: Maakaroun, Bertha
Fonte: Correio Braziliense, 26/09/2012, Política, p. 6

Prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição ataca pela primeira vez a gestão do antecessor e ironiza o principal adversário, o petista Patrus Ananias, por ter manifestado a vontade de ser seu companheiro de chapa

A 11 dias das eleições, o clima da disputa à prefeitura de Belo Horizonte torna-se mais tenso, as críticas entre candidatos mais duras e a saúde vai ao topo da pauta, com direito a troca de acusações. Após debate entre candidatos promovido ontem em um colégio, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, criticou pela primeira vez o antecessor, o ministro de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), em resposta à sua participação no programa eleitoral de Patrus Ananias (PT). "Infelizmente, a política é assim. Até 30 de junho, estava dizendo que eu era o melhor prefeito do Brasil. Eu teria muitas críticas a fazer à gestão dele", ironizou Lacerda.

Cobrado por Patrus Ananias por não ter construído nenhuma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) nos últimos quatro anos, apesar dos recursos que, segundo o petista, foram encaminhados pelo governo federal, Lacerda rebateu: "Isso é retórica eleitoreira. Não existia UPA em nosso programa de governo. A demanda surgiu depois". Além de considerar insuficientes os recursos aplicados pelo governo federal na saúde, Lacerda disse que as obras precisam ser planejadas e orçadas. Em crítica a Pimentel, Lacerda afirmou que, ao fazer uma UPA na no fim de seu governo "a toque de caixa" e sem planejamento, ele deixou "sérios problemas" com o Ministério da Saúde.

"Tive sérios problemas em fechar as contas com o Ministério da Saúde, de uma UPA construída na gestão anterior, que o ministério deu pau, deu bomba na prestação de contas", sustentou. Segundo Lacerda, houve tomada de contas especial e a prefeitura precisou devolver R$ 1,5 milhão ao governo federal. "Durante um bom período, todas as contas da prefeitura ficaram travadas em Brasília, em função do problema dessa UPA", disse.

No debate, Patrus voltou a apontar os problemas na saúde. "Fica claro o descompromisso do nosso adversário e da atual administração com as questões sociais, especialmente na área da saúde, que é de fato para quem anda pela cidade, uma situação caótica".

Vaga de vice Lembrando que Patrus "até 30 de junho queria ser vice" em sua chapa, Lacerda retrucou: "Você não se candidata a ser vice na chapa de alguém numa administração se você acha que a saúde está um caos. Você vai se comprometer. Então a opinião mudou radicalmente em função da disputa política". O prefeito considerou as colocações um "desrespeito" aos 20 mil servidores da prefeitura que trabalham na área da saúde. "Se há problemas, foram os que não foram resolvidos nas últimas gestões. Não se resolve tudo em quatro anos, principalmente com o fato de o governo federal repassar recursos insuficientes para a saúde. O município não aguenta sozinho", rebateu.

Diferença de 17 pontos Pesquisa do Ibope, divulgada ontem, com intenção de votos sobre a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, apontou o prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, com 47% contra 30% do rival do PT, Patrus Ananias. Eleitores que pretendem votar branco ou nulo correspondem a 7% e 12% se disseram indecisos. Em relação ao levantamento anterior, o prefeito manteve a liderança e oscilou três pontos para cima. O petista, por sua vez, segue estável. O índice de rejeição dos dois candidatos é de 17%. A pesquisa, registrada TRE-MG sob o número 00627/2012, ouviu 805 eleitores entre os dias 22 e 24. A margem de erro é de três pontos percentuais.