Título: Dilma pede silêncio
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 26/09/2012, Economia, p. 12

A presidente Dilma Rousseff decidiu intervir na disputa que vem sendo travada publicamente entre o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de um lado, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seu secretário executivo, Nelson Barbosa, de outro. Dilma ficou particularmente irritada em ver os principais integrantes da sua equipe econômica discutindo, pela imprensa, sobre os rumos da taxa básica de juros (Selic) em 2013. A ordem dela foi clara: silêncio total. E mais: cada um deve se restringir a temas relacionados às suas áreas. Ou seja Mantega e Barbosa esquecem a política monetária e Tombini deixa de frisar a importância do ajuste fiscal para que a inflação mantenha sob controle.

Nas últimas duas semanas, Mantega e Barbosa fizeram questão de fustigar o BC, dizendo que não há nada que justifique o aumento da Selic no ano que vem, como aposta o mercado financeiro. Para eles, a recente da alta da inflação, que está encostando nos 5,5%, distanciando-se do centro da meta definida pelo governo, de 4,5%, é passageira. Portanto, os juros, de 7,5% ao ano, têm de ficar estáveis por um bom período. Por mais que concorde com essa visão, Tombini e sua equipe se sentiram incomodados, porque não cabe à Fazenda opinar sobre um tema exclusivo do Comitê de Política Monetária (Copom). Mantega e Tombini se falaram nos últimos dias para tentar aparar as arestas. Mas a relação entre os dois já foi muito melhor.