Título: Programas com objetivos antagônicos
Autor: Takahashi , Paula
Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2012, Política, p. 8

Belo Horizonte — Os dois principais candidatos à prefeitura de Belo Horizonte — o atual prefeito Márcio Lacerda (PSB) e o petista Patrus Ananias — destacaram ontem, durante os eventos de campanha realizados na capital mineira, quais serão seus planos para a cidade pelos próximos quatro anos. Na Praça da Savassi, diante de 1,5 mil apoiadores embalados por uma bateria de escola de samba e evoluções de um casal de mestre-sala e porta-bandeiras, Lacerda ressaltou que a prioridade de seu programa de governo, "que já está disponível para a população em nosso site" será a mobilidade urbana. "A mobilidade é o grande desafio que temos para as gestões seguintes. Os nossos maiores investimentos no segundo mandato serão nesta área ", garantiu sem detalhar os projetos previstos para o setor.

Já Patrus pretende transformar Belo Horizonte em uma referência de políticas sociais e ações na área da saúde. Em discurso para cerca de mil pessoas no Bairro de Santa Tereza, o candidato do PT afirmou que seu programa de governo será "cidadão" e promoverá o desenvolvimento econômico, social, ambiental, cultural, ética e espiritual. "Aqui está o nosso compromisso. Temos a marca de cumprir o que prometemos", afirmou Patrus.

O petista acrescentou: "Nós sabemos fazer. No Ministério do Desenvolvimento Social implantamos políticas sociais que mudaram o Brasil. O outro lado (aliança PSB-PSDB) é a tecnocracia, são os números. São duas concepções diferentes", disse, destacando que é preciso "derrotar o poder econômico e a máquina da Prefeitura" e deixar claro ao eleitor que Belo Horizonte "não tem dono".

Para financiar as obras que pretende fazer na capital mineira — estimadas em R$ 6 bilhões — Lacerda garante que contará com caixa próprio e outras formas de financiamento. "Um terço virá da própria prefeitura. O restante são financiamentos e repasses", ponderou. "A maioria desses financiamentos já está negociada, assinada ou em fase final de negociação. Ou seja, precisaremos de um adicional que representa uma parte menor do total", acrescentou. Garantiu ainda que, no caso de ser reeleito, detalhará, ainda este ano, como os 12 capítulos que correspondem as 12 áreas priorizadas no plano de governo serão executados nos próximos quatro anos.

Patrus, que pediu empenho à militância nessa reta final de campanha, terá um desfalque importante em seu palanque. Por uma "questão de cautela", dificilmente a presidente Dilma Rousseff participará da campanha. "A presidente tem que pensar que, depois da eleição, a vida continua. Os partidos que nos apoiam no plano federal nem sempre estão com nossos candidatos. É evidente que a Dilma apoia o Patrus, mas toma cuidado para não criar mais problemas com a base aliada. Se ela não vier, não é por falta de apoio ao Patrus", explicou o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, ao lado de Patrus.

Gilberto aproveitou para criticar o senador Aécio Neves (PSDB), que chamou de "maldade" o veto da presidente à emenda que mudava a forma de pagamento dos royalties do minério. "Não se deve misturar o embate eleitoral com o "cuidado com o povo", acrescentou Gilberto.